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sábado, 29 de novembro de 2008

Aos Dias que Virão

O Brasil ainda é um país Jovem. No entanto sua trajetória histórica hoje é bastante avaliada e em muitos casos, reconhecida como um grande exemplo de histórias de lutas, desobediências e revoltas protagonizadas pelo povo, visando transformações sociais. Apesar de toda rapina e exploração ocorrida nessas terras tupiniquins desde o século XVI, debater o futuro do país era sem dúvida se entregar a um campo de incertezas, onde o imaginário manifestava em seus devaneios um grande sonho de esperança e mudança. O que restava para o brasileiro are a dúvida da certeza de dias melhores.

Nessa conjuntura, a juventude brasileira se firmava como um segmento social cada vez mais excluído dos debates políticos do país e em muitas vezes considerada apenas como simples mão-de-obra barata dentro de um complexo processo de exploração do capital em nossa economia. Mesmo assim, ser "apenas um rapaz Latino-Americano" ainda se configurava como um exímio instrumento de esperança para a construção de novos rumos para o Brasil.

Pois bem. Chegamos ao século XXI e a realidade brasileira (mundial) já se configura de uma forma bastante otimista, principalmente para os setores de juventude. As lutas sociais e políticas que marcaram a história brasileira durante o século XX refletiram bastante a evolução de um país de raízes agrárias, paternalistas e latifundiária para um país industrial, urbano e classista. As lutas do povo brasileiro se manifestavam nas mais diversas regiões e o neoliberalismo implantado nas engrenagens econômicas do país, passa a ser, o principal inimigo do desenvolvimento nacional. O entreguísmo da nossa economia ao capital estrangeiro gerou descontentamento ampliando cada vez mais a necessidade de implantações não somente de políticas de governos, mas de políticas publicas que envolvessem o Estado, o governo e os setores sociais.

As lutas sociais ocorridas desde o inicio do século XX, representaram um instrumento de transformações sociais. E justamente por isso que as bandeiras de lutas históricas nos deixam com a responsabilidade moral de continuarmos todos esses processos implantados muitas vezes pelos heróis anônimos que corrobora com a brilhante saga da civilização brasileira.
Pois bem, tendo em vista esse breve histórico descritivo, podemos avaliar que institucionalizar as Políticas Públicas para a Juventude, seria um dos maiores desafios para os diversos jovens brasileiros. O muito que já foi conquistado, não representa ainda nada do que podemos construir.
Nessa conjuntura, o fortalecimento das entidades políticas que enfoquem as bandeiras de lutas em prol a juventude, amadurecer os processos de debates, ampliando as relações democráticas e coletivas, em detrimento dos processos de disputas e antagonismos, enfim, é com a participação e a mobilização da juventude que os passos executados serão cada vez maiores, tendo em vista, o alcance de resultados mais prósperos possíveis.

Como foi afirmado a outrora, o que foi feito não é o bastante e a luta continua! É com essa motivação que a juventude brasileira tem que se manifestar, é dessa maneira que a vanguarda política brasileira irá alcançar cada vez mais, vitórias significantes, tanto no panorama econômico, quanto social, político e cultural.

Responder aos problemas sociais brasileiros com verdadeiras soluções, entendendo que vivemos em uma sociedade heterogênea é, com absoluta certeza, um dever primordial para o exercício de uma cidadania crítica, virtuosa e principalmente democrática. Nesse contexto, a incerteza do futuro, irá depender de nossa inércia.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Inscrições no ProUni já superam em quase 30 mil número de bolsas oferecidas

Por Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil


Brasília - O Programa Universidade para Todos (ProUni) oferecerá no ano que vem cerca de 156 mil bolsas de estudo em institutições de ensino superior privadas. As inscrições já estão abertas e seguem até 12 de dezembro exclusivamente pela internet. Só nos quatro primeiros dias (de 24 a 27 de novembro) do prazo, 185 mil candidatos se inscreveram.
Do total das bolsas, 95,6 mil são integrais e 60,7 mil parciais. As bolsas parciais, que custeiam 50% do valor da mensalidade, podem ser pleitadas por estudantes cuja renda per capita familiar é de até três salários mínimos. Já as bolsas integrais são restritas a alunos com renda familiar de até um salário mínimo e meio por pessoa.O pré-requisito básico para participar do ProUni é ter cursado todo o ensino médio em escola pública (ou em colégio particular na condição de bolsista) e ter obtido nota mínima de 45 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2008. Mais informações estão disponíveis no site do ProUni ou pelo telefone 0800 616161.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Encontro debate melhores condições para os jovens do campo

O FUNTEPE em parceria com a Secretaria de Reordenamento Agrário - SRA/MDA e a FETAPE, por meio da Diretoria de Política para a Juventude tem a grata satisfação de convidar V. Exa/Sa. para participar do 1° Intercâmbio de Jovens do Programa Nacional de Crédito Fundiário – Nossa Primeira Terra, a realizar-se no Assentamento Santa Rita, Zona Rural do Município de Serra Talhada.

O Programa Nacional de Crédito Fundiário é uma parceria do Governo Federal, através do MDA/SRA com o Governo do Estado, através da Secretaria de Agricultura/FUNTEPE.
Pela linha “Nossa Primeira Terra”, oportunizou geração de emprego e renda, com o acesso à terra a 97 jovens rurais que, organizados em Associações, hoje dispõem de terra para morar, trabalhar e dela viver, garantindo cidadania, evitando o êxodo rural, promovendo a esperança para os jovens.

Este evento visa integrar todos os jovens beneficiários do Programa no Estado, além de promover uma troca de experiência, com debate sobre: gestão, organização e produção sustentável.

Programação:


08:30 h Lanche/Acolhida

09:30 h Abertura – Apresentação dos Jovens do assentamento Santa Rita
Tema: trajetória dos Jovens na conquista da terra

Saudação das autoridades e representantes de entidades presentes.

10:30 h Intercambio de experiências:
Visita aos projetos exitosos de agropecuária do assentamento Santa Rita

11:30 h Debate: perspectivas dos jovens no acesso à terra

12:00 h Apresentação da experiência do Consórcio da Juventude (SERTA e ASA BRANCA)

13:00 h Almoço com forró

15:30 h - Encerramento

Meia-entrada: ministro da Cultura defende direito para todos até os 18 anos

ema

Por Brunna Rosa 

Durante o Seminário Internacional sobre Direito Autoral, o ministro da Cultura Juca Ferreira afirmou que, se até os 18 anos a pessoas não estiverem estudando, serão punidas duplamente, pelo não acesso a educação e a cultura. 
 
 Em entrevista coletiva à imprensa, ele defendeu o monopólio da emissão da carterinha de estudante por uma entidade, a Casa da Moeda, com supervisão do ministério da Educação (MEC). Ferreira considerou um erro o governo passado estender a qualquer entidade estudantil a emissão do documento.
 
 “Há um derrame de carteiras falsas no Brasil inteiro que tem inviabilizado a indústria do espetáculo, e isso obriga os produtores a elevar os preços e acaba expulsando os que freqüentam, que já não são muitos", critica. "O Brasil tem um nível de acessibilidade a espetáculos muito pequeno, menos de 12% de brasileiros vão a shows, cinema, dança, teatro”, lembra. 
 
 O ministro também se posicionou a favor da apresentação de apenas um documento de identificação para o acesso à meia entrada. “Vou além, até os 18 anos bastaria apresentar a carteira de identidade. Pois se ele não está estudando deveria estar e se lhe foi negado, por algum processo, o direito a educação não pode ser duplamente penalizado com a inacessibilidade [à cultura].” 
 
 Meia entrada 
 Na terça-feira, 25, a Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado aprovou, em caráter terminativo, mudanças no projeto de lei que garante meia-entrada em espetáculos artísticos, esportivos e educativos para estudantes e idosos acima de 60 anos. Pelas novas regras, a venda de ingressos pela metade do preço ficaria restrita a 40% do total de lugares disponíveis. A proposta aprovada também autoriza a criação do Conselho Nacional de Fiscalização, Controle e Regulamentação da Meia-Entrada e Identificação Estudantil. 
 
 A reunião que aprovou o projeto de lei 188/07, de autoria da senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), durou quase três horas e contou com líderes estudantis e pessoas ligadas à produção de espetáculos.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

UFPE abre sindicância para apurar homofobia na Casa do Estudante

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) abriu nesta terça-feira (25) uma sindicância inédita para apurar se as denúncias de homofobia na Casa do Estudante são verdadeiras. De acordo com a pró-reitora para assuntos acadêmicos, Ana Cabral, a medida foi tomada depois que a instituição recebeu ontem, no final da tarde, uma denúncia formal de um dos jovens que se sentiu agredido.
"Providenciamos a abertura de uma comissão de sindicância. Num prazo de dois a três dias, deverão ser iniciadas as averiguações", afirma a pró-reitora. Ela conta que assistentes sociais costumam frequentar a Casa e os estudantes haviam relatado melhora na convivência. "O processo eleitoral foi responsável por acirrar os ânimos", justifica.
Ana Cabral prevê "solução" para o caso entre 30 e 60 dias. "Depende de quantos estudantes serão entrevistados, mas temos o máximo de interesse de que isso se resolva logo". Por se tratar de uma situação inédita, a pró-reitora não soube dizer que tipo de punição pode ser aplicada - caso seja constatada homofobia.
Ela disse ter sido pega de surpresa com outra denúncia: o uso de computadores da Casa de Estudante para acesso à sites pornográficos. "Precisamos orientá-los, afinal os computadores devem ser utilizados para fins acadêmicos". Cabral ainda informou que uma sindicância para apurar consumo de drogas na Casa dos Estudantes está em andamento.

Projeto “Juventude Rural” discute mercado de trabalho e estimula identidade rural

O Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), órgão vinculado à Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária do Estado, através da gerência regional de Abreu e Lima, está desenvolvendo as atividades do “Projeto Juventude Rural: Criando Oportunidades e Cultivando Sonhos”. A meta da ação é fazer com que os jovens descubram suas aptidões profissionais, ampliando assim suas visões de futuro e seus conhecimentos relativos ao mercado de trabalho. Atualmente, o projeto beneficia 21 jovens.
O “Juventude Rural” está na sua segunda etapa; um momento focado na percepção vocacional e nas discussões sobre mercado de trabalho. Nesta quarta-feira (26), os jovens do projeto, de 15 a 21 anos, estão dando seqüência às atividades que foram iniciadas no Centro Integrado Empresa Escola (CIEE), um dos parceiros da ação. Ao fim, serão entregues certificados. À tarde, eles seguirão para o laboratório de botânica e herbário do IPA, quando terão contato com discussões sobre agronomia e biologia.
Nessa terça-feira (25), os 21 jovens visitaram o campus da UFRPE para debater sobre gastronomia e engenharia agrícola e ambiental, profissão que eles escolheram para a conversa. Na última fase do programa, prevista para 2009, o trabalho estará focado no acompanhamento pedagógico junto às famílias dos participantes. “A nossa intenção é continuar cultivando sonhos”, ressalta Mônica Nunes, articuladora do projeto. Integra, ainda, a programação desta última etapa a realização de oficinas para debater as novas demandas identificadas no decorrer das ações e atividades para rever e avaliar o Juventude Rural.
Uma das beneficiadas com a ação é Márcia da Silva, de 21 anos. A jovem mora na comunidade de Três Ladeiras, a 33km do Município de Igarassu,. “Em Ladeiras, a maioria das pessoas conclui apenas o primeiro grau”, lamenta. Na comunidade, o ensino se estende apenas até o 1º grau. Márcia explica que quem quer concluir os estudos na sua comunidade, fazer o segundo grau, tem quer se deslocar os 33km para igarassu.
Segundo a jovem, esse problema é somado ao número reduzido de transportes. Só existe um ônibus para levar os estudantes ao colégio. “Ele sai de 12, eu chego às 13h20 e minha aula começa às 13h. Se o ônibus quebrar o problema é maior”. Dos cerca de 4 mil habitantes da sua comunidade, ela conhece apenas uma pessoa que está na Universidade. Nesse contexto, o Juventude Rural também estimula os jovens a continuarem estudando. “Com o projeto, aprendi, me conheci e ganhei força de vontade”. Ontem à tarde, a estudante conheceu uma universidade, a UFRPE.
História - A iniciativa surgiu em 2007, quando a extensionista do IPA, Mônica Nunes, em trabalho coletivo com comunidades de Abreu e Lima e áreas circunvizinhas, através da realização do Diagnóstico Rural Participativo – DRP, identificou algumas demandas. “Nestes trabalhos, os jovens expressavam falta de informação sobre o mercado e conflitos junto a sua identidade rural”, diz a articuladora.
Já nessa fase, após a identificação das carências, foi iniciada a construção do projeto, de modo participativo, e a seleção de jovens, que estão integrados a horta comunitária do Colégio Maria Vieira Moliterno, em Abreu e Lima, ou fazem parte do grupo familiar de agricultores e pescadores assistidos pelo IPA. Nessa primeira fase quatro oficinas foram realizadas.

Direito à meia-estudantil não se reduz, se amplia!

Os Movimentos de Juventude vem, historicamente lutando em defesa da meia-estudantil, seja pelo direito a meia-passagem, meia nos estádios ou pela meia-cultural contrariando assim os interesses econômicos de grandes capitalistas do transporte e da indústria cultural.
Os empresários do ramo da cultura, por exemplo, possuem representantes no parlamento para defender seus interesses comerciais em detrimento da qualidade de vida da maioria da população. Um desses representantes, o Senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), apresentou o projeto de lei nº. 188/2007 que está em tramitação no Senado Federal. Segundo o projeto, o direito à meia estudantil não valerá nos cinemas em finais de semana e feriados locais ou nacionais. Para todos os outros eventos, como peças teatrais e shows, a meia-entrada não valerá de quinta-feira a sábado, se o projeto for aprovado ainda prevê a limitação de 40% dos ingressos meia-entrada, sendo o restante destinado à inteira. O projeto do senador tucano vai totalmente contra as reais necessidade da juventude.
Segundo dados da pesquisa Retratos da Fortaleza Jovem – 2006, quase dois terços dos jovens gostariam de ter acesso às atividades de cultura e lazer em nossa cidade, mas não têm por falta de recurso financeiro. A mesma pesquisa aponta que 50,9% dos jovens nunca foram ao teatro e 22,4%, foram apenas uma vez.
É de grande importância o acesso da juventude a eventos artísticos, culturais e esportivos o que contribui para a formação educacional ampliando assim o horizonte intelectual. A meia-entrada hoje representa um subsidio da sociedade para a formação intelectual dos jovens estudantes. A partir desse entendimento a Juventude Socialista Brasileira do Ceará, propõe:
Abaixo o projeto que limita o direito a meia;Pelo comprimento do direito à Meia Cultural em Fortaleza ePela não limitação do direito à Meia nos Estádios em Fortaleza É pelo o potencial revolucionário da juventude fortalezense que convocamos todos e todas para grandes mobilizações, blitze e formação de comitês de defesa da Meia-Cultural em escolas e faculdades, promovendo atividades de conscientização política para o devido cumprimento do Direito à Meia-Cultural na cidade.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Brasil ocupa 80ª posição em ranking da Unesco que avalia melhorias na educação

Por Amanda Cieglinski


Brasília - Em um ranking elaborado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para monitorar o cumprimento de metas pelos países para melhorar a educação, o Brasil ocupa a 80ª posição em uma lista de 129 países estudados. Fica atrás de países latino-americanos como Paraguai, Venezuela e Argentina, além de Kwait, Azerbaijão, Panamá e outros. O Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos foi lançado hoje (25), em Genebra, pela instituição.
O compromisso Educação Para Todos, firmado durante a Conferência Mundial de Educação em Dacar, no ano 2000, estabelece metas que devem ser cumpridas pelos países até 2015. Entre elas estão expandir e melhorar a educação na primeira infância, garantir ensino de qualidade e melhorar em 50% as taxas de alfabetização de adultos. Segundo o relatório, o Brasil está no grupo dos países intermediários que caminham para atingir as metas. Entres os países da América Latina e Caribe, Argentina, México e Uruguai estão no grupo "perto de cumprir as metas".
Entre os problemas do Brasil, o relatório destaca as altas taxas de reprovação, a evasão escolar, o analfabetismo e o baixo desempenho dos alunos brasileiros em avaliações internacionais. “A América Latina e o Caribe são responsáveis por 3,5% das crianças do mundo inteiro que estão fora da escola. O Brasil é o único país com mais de 500 mil crianças fora da escola”, aponta o estudo. Todavia, o relatório afirma que esse problema não impedirá o país de cumprir as metas até 2015.
“Acho que tivemos evolução e vamos cumprir as metas. Nós temos hoje um Plano de Desenvolvimento da Educação [PDE] que é muito estruturado e que tem inclusive suas próprias metas. A situação está melhorando”, avaliou a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Maria do Pilar.
O estudo da Unesco aponta que em 2006, o percentual de alunos repetentes na região da América Latina e Caribe era de 4,1%. No Brasil, classificado como o segundo pior do mundo nessa questão, a taxa é quatro vezes maior: 18,7%. Perde apenas para o Suriname. Para Pilar, os altos índices não são conseqüência da baixa da qualidade do ensino, mas da cultura da reprovação.
“Ainda existe no Brasil a mentalidade de que reprovar garante a aprendizagem. As pesquisas mostram que, além de não garantir a aprendizagem, ela estimula a evasão. Mas toda vez que um gestor público tenta mudar essa lógica, ele é muito oprimido pelo senso comum de que reprovar é bom. O Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] coloca essa difícil equação para os gestores, porque força a melhoria da aprendizagem com a redução da reprovação, diz.
Ao comparar o desempenho de estudantes no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), o relatório destaca que o desempenho dos brasileiros e peruanos é semelhante ao dos 20% piores alunos da França e dos Estados Unidos. “Mais de 60% dos estudantes brasileiros, contra menos de 10% do Canadá e Finlândia, tiraram notas abaixo do nível um, o pior do ranking do Pisa”, compara o estudo.
“Se a gente, durante século, não colocou a educação como prioridade pública, é claro que o nosso resultado não será igual a dos países que priorizam a educação há 300 anos. Tudo isso é resultado do descaso com a educação pública, só de 1988 pra cá nós tivemos um foco maior para educação. O PDE articula os governos em um programa de médio e longo prazo para garantir uma maior qualidade, mas a gente não consegue mudar a história de 500 anos em um ano”, defende Pilar.
Essa edição do relatório está focada na questão das desigualdade de oportunidades em educação, seja dentro de um mesmo país ou em nível internacional. “A incapacidade de governos do mundo inteiro de combater profundas e persistentes desigualdades na educação condena milhões de crianças a uma vida de pobreza e de oportunidades reduzidas”, afirma o texto.

Jovem latino-americano é 30 vezes mais vulnerável a homicídios do que o europeu

Por Marco Antônio Soalheiro

Brasília - Os jovens latino-americanos estão muito mais gravemente expostos ao risco de serem vítimas de homícidio do que aqueles que vivem em outros continentes. As taxas de homicídio na América Latina duplicam até mesmo as africanas e guardam um abismo em relação aos índices europeus. A constatação é uma das conclusões do “Mapa da Violência: os Jovens na América Latina" divulgado, hoje (25), em Brasília, pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla), em parceria com o Ministério da Justiça e o Instituto Sangari.
“A probabilidade de um jovem da América Latina morrer vítima de homicídio é 30 trinta vezes maior que a de um jovem da Europa e acima de 70 vezes maior que a de jovens de países como a Grécia, Hungria, Inglaterra, Áustria, Japão ou Irlanda”, apontou o estudo.
Os países da região se destacam pelas suas elevadas taxas de mortalidade por armas de fogo, tanto entre a população total como entre os jovens.
Considerados os homicídios juvenis, os países latino-americanos ocupam as cinco primeiras colocações entre os 843 países abrangidos pelo levantamento.
Outro indicador que confirma a posição desfavorável da América Latina no cenário mundial em relação aos homicídios são os números apurados no Uruguai, país com menor taxa de homicídios da região. Com o índice de 4,5 homicídios por cada 100 mil habitantes o país ocupa a 35ª posição no ordenamento internacional, em um grupo de taxas moderadas a altas.
Os países da região se destacam pelas suas elevadas taxas de mortalidade por armas de fogo, tanto entre a população total como entre os jovens.
O diretor de pesquisa do Instituto Sangari, Julio Jacobo, explicou que a principal causa associada aos níveis de homicídios no continente é desdigualdade social.
"Uma poderosa explicação da mortalidade por homicídios são os índices de concentração de renda. Nos países que analisamos, 50% dos homcídios juvenis são explicados pela relação entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres. É o confronto, no mesmo espaço geográfico, entre riqueza e pobreza que torna visível a injustiça social e provoca o drama vivido na América Latina"
Segundo o diretor executivo da Ritla, Jorge Werthein, solução para a melhoria das taxas de mortes violentas na Américza Latina passa pelo investimento em programas que diminuam a desigualdade na distribuição de renda, com geração de empregos e aperfeiçoamento educacional.
“Precisa desenvolver fundamentalmente políticas de inclusão social, para atender essa população jovem muito desprotegida e muito vulnerável na América Latina. Se você tem políticas, campanhas sistemáticas de educação sobre o tema, tem possibilidade de melhorar. Não tem que ir a Nova York ou à Europa. Pode ir à Colômbia, onde vemos programas de inclusão social exitosos. Podemos desenvolvê-los no resto da América Latina”, argumentou Werthein.
No Brasil, Werthein destacou como ações governamentais meritórias no enfrentamento da violência, que devem ser continuadas como o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), o Programa Universidade para Todos (ProUni) e Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem).
Ele também elogiou aprovação da Lei Seca, que endureceu as punições para motoristas que dirigem embriagados e tem efeito potencial direto sobre o número de mortes por acidentes de trânsito, que são incluídas uma das vertentes de homicídios incluída na pesquisa da Ritla.
A principal fonte de dados utilizada na elaboração do estudo - que abrange a fixa etária dos jovens de 15 a 24 anos - foi o Sistema de Informação Estatística da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Comissão do Senado aprova projeto que restringe meia-entrada

Por RENATA GIRALDI

A Comissão de Educação e Cultura do Senado aprovou, por 14 votos favoráveis a 7 contrários, nesta terça-feira fixação de 40% de cota para a venda de meia-entrada em todo o país. Veja opinião de estudantes e empresários sobre a cota "As cotas hoje vão garantir o fim da meia-entrada", afirmou Lúcia Stumpf.
A proposta ainda tem de ser submetida a discussões na Câmara e, se modificada, retornará ao Senado. Artistas famosos fizeram vigília na comissão e acompanharam a votação. A pressão dos artistas e dos estudantes, contrários à medida, dividiu a opinião dos parlamentares. Pela proposta aprovada, o controle das cotas será feito por um conselho, comando pelo governo federal, que vai definir ainda sobre a possível venda antecipada dos ingressos. A medida vai valer para espetáculos, salas de cinema e também eventos esportivos, incluindo museus e circos. Os artistas apelam ainda para que a União, os Estados e os municípios arquem com um percentual como contrapartida para viabilizar a execução dos projetos culturais no país. Este item não está na proposta em discussão. A presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Lúcia Stumpf, disse que o ideal era fiscalizar a emissão das carteiras de estudantes e não fixar cotas. "As cotas hoje vão garantir o fim da meia-entrada", disse ela. Já os artistas ressaltaram que com a fixação de cota será possível reduzir o valor dos preços dos ingressos em até 40%.

Segurança rejeita plebiscito sobre maioridade penal


Gilberto Nascimento
Maggessi: matéria de constitucionalidade duvidosa e custos altos para um plebiscito.
A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado rejeitou na última quarta-feira (19) a realização de plebiscito para definir a maioridade penal. A relatora da proposta (PDC 129/07), deputada Marina Maggessi (PPS-RJ), argumentou que há dúvidas sobre a legalidade da redução da maioridade, com manifestações contrárias de vários magistrados, inclusive do Supremo Tribunal Federal (STF). "O Congresso não pode se dar ao luxo de aprovar a realização de um plebiscito sobre uma matéria de constitucionalidade duvidosa", disse.

Maggessi reconheceu que as notícias sobre crimes envolvendo a participação de adolescentes suscitam opiniões favoráveis à redução da maioridade penal, inclusive dentro do Parlamento. Ela lembrou, porém, que essas opiniões causam forte reação da comunidade jurídica, que defende a imutabilidade da maioridade como cláusula pétrea da Constituição.

A deputada também argumentou que os custos de um plebiscito seriam muito altos, um mínimo de R$ 274 milhões, para uma questão que pode ser inconstitucional. Pelo projeto, do deputado Manato (PDT-ES), os eleitores deverão opinar pela manutenção da idade atual (18 anos) ou reduzi-la para 14, 15 ou 16 anos.

Tramitação
O projeto ainda será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania, antes de ser votado pelo Plenário.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Governo articula lançamento de ações do Pronasci em Pernambuco

O Governo do Estado coordenou, nesta segunda-feira (24) pela manhã, no Palácio do Campo das Princesas, uma reunião com todas as secretarias e entidades envolvidas no Pronasci – Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania – em Pernambuco. No encontro foram acertados os detalhes do lançamento do "Território de Paz", que será instalado no bairro de Santo Amaro no dia 2 de dezembro, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O bairro de Santo Amaro será o primeiro do país a receber o projeto "Território de Paz", que está sendo articulado em Pernambuco pelo Governo do Estado. Vários projetos sociais e ações de segurança serão lançados simultaneamente em regiões vulneráveis, que terão a presença constante do Estado. Participam da reunião, coordenada pelo secretário-executivo do Pronasci, Ronaldo Teixeira, e pelo chefe-de-gabinete do governador Eduardo Campos, Renato Thiebaut, as secretarias de Defesa Social, Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Juventude, Mulher e Cultura, além da Prefeitura da Cidade do Recife.

Câmara aprova cota de 50% em federais para rede pública

Programa destina metade das vagas para alunos de escolas do governo

A Câmara dos Deputados aprovou projeto que reserva no mínimo 50% das vagas nas universidades públicas federais para estudantes que tenham cursado integralmente o Ensino Médio em escolas públicas. A proposta destina essas vagas aos estudantes oriundos de famílias com renda per capita de até 1,5 salário mínimo (R$ 622,50). As vagas deverão ser preenchidas por alunos negros, pardos e indígenas segundo a proporção dessa população no estado onde está localizada a instituição de ensino, conforme o último Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A proposta ainda precisa ser aporvada no Senado.
As universidades públicas deverão selecionar os alunos do Ensino Médio em escolas públicas tendo como base o coeficiente de rendimento, obtido através de média aritmética das notas ou menções obtidas no período, considerando-se o currículo comum a ser estabelecido pelo Ministério da Educação. O texto faculta às instituições privadas de Ensino Superior o mesmo regime de cotas em seus exames de ingresso. O projeto da deputada Nice Lobão (DEM-MA) foi aprovado na substituição aprovado em 2005 pela Comissão de Educação e Cultura, elaborado pelo deputado Carlos Abicalil (PT-MT) e segue para o Senado.
Nível médio
As instituições federais de ensino técnico terão regras de cotas semelhantes. Será necessário reservar, em cada concurso de seleção para ingresso em seus cursos, no mínimo 50% de suas vagas para alunos que tenham cursado integralmente o ensino fundamental em escolas públicas e se aplicará o mesmo critério das universidades para a admissão de negros e indígenas.
O acompanhamento e avaliação do programa de cotas ficará sob responsabilidade do MEC (Ministério da Educação) e da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da Presidência da República, e da Funai (Fundação Nacional do Índio). A revisão do programa será feita pelo Poder Executivo após dez anos. As universidades terão o prazo de quatro anos para o cumprimento das regras,mas devem implementar no mínimo 25% da reserva de vagas determinada pelo texto a cada ano.
Segundo nota divulgada pela Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) a deputada Nice Lobão argumenta que o ideal seria a extinção do vestibular, mas, como tal objetivo ainda não pode ser alcançado, a proposta é estabelecer uma mudança gradual, deixando 50% das vagas no padrão convencional de ingresso na universidade.

ProUni: 156,4 mil bolsas em 2009

BRASÍLIA - O Ministério da Educação anunciou nesta segunda-feira a oferta de 156.416 bolsas de estudos do Programa Universidade para Todos (ProUni) para o primeiro semestre de 2009. São 95.694 bolsas integrais e 60.722 parciais, de 50% da mensalidade. As inscrições podem ser feitas até 12 de dezembro.
Podem se candidatar às bolsas do ProUni os estudantes que concluírem o ensino médio este ano ou que o completaram em anos anteriores; que tenham feito o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2008 e obtido no mínimo 45 pontos de média entre a prova objetiva e a de redação. Os candidatos devem, ainda, atender uma série de critérios. Entre eles, ter feito todo o ensino médio em escola pública ou, na condição de bolsista integral, em escola particular.
As bolsas integrais destinam-se a estudantes com renda familiar, por pessoa, de até um salário mínimo e meio (R$ 622,15); as parciais, aos com renda familiar, por pessoa, de até três salários mínimos (R$ 1.245).
De acordo com a coordenadora-geral de projetos especiais para a graduação da Secretaria de Educação Superior (Sesu), Paula Branco Melo, a oferta de bolsas de estudos do ProUni cresceu 47% em relação ao primeiro semestre de 2007. No ano passado, o MEC ofereceu 106 mil; agora, são mais 156 mil. No caso das bolsas integrais, o índice de aumento, segundo Paula, foi ainda maior com relação ao mesmo período — subiu de 53 mil para 95 mil.
Na avaliação de Paula, os dados demonstram que o programa está consolidado e em expansão. Do início de 2005, quando foi realizada a primeira seleção de bolsistas, até hoje, o ProUni atendeu 430 mil cidadãos em todos os estados e no Distrito Federal.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Curso Juventude e Cidadania Ativa

A Universidade da Juventude (www.universidadedajuventude.org.br) e a Secretaria Especial de Juventude e Emprego do Estado de Pernambuco convidam os jovens que buscam transformar a realidade dos seus municípios a se inscreverem no processo de seleção do Curso: "Juventude e Cidadania Ativa".

A primeira atividade de formação será realizada no período de 11 a 14 de dezembro de 2008. As demais atividades do curso se estenderão até o final de março de 2009.

O Curso Juventude e Cidadania Ativa tem o objetivo de promover acapacitação de 30 jovens facilitadores do Estado de Pernambuco com o intuito de serem reconhecidos como atores relevantes e estratégicos no processo de formação de outros jovens na construção do desenvolvimento econômico, social, político e cultural do Estado de Pernambuco, agindo assim como multiplicadores de conhecimentos.

Segue em anexo o edital e a ficha de inscrição com os detalhes para se inscrever no processo de seleção do curso. O prazo de inscrição é até o dia 28 de novembro de 2008.

 

Cordialmente,

Equipe do Curso Juventude e Cidadania Ativa

Contatos para esclarecimentos:

Mariana ou Leandra: 3423.1878/ 9705.8760

Bom Jesus de Itabapoana - 89,23% de votos nulos

É algo difícil de acontecer, mas aconteceu!

Os votos nulos somaram 20821 ( 89,23%). Vejam a coragem e esclarecimento dessa população.

O candidato a prefeito não servia e a população cuidou de eliminá-lo no voto.
O TRE terá que fazer nova eleição e o candidato reprovado não poderá se candidatar novamente. O interessante é que esse fato não foi divulgado em nenhuma mídia.
Até a Globo se calou. 

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Violência nas escolas


Faltam políticas públicas claras, programas em execução que enfrentem decididamente o cotidiano de violência nas escolas

TEMOS AVANÇADO significativamente na nossa capacidade de diagnosticar, prever e entender diferentes fenômenos que se apresentam no cotidiano. As novas tecnologias de informação e comunicação disponíveis nos permitem detectar e identificar fenômenos naturais com grande precisão e antecedência. Em diversas áreas os progressos têm sido -e continuam sendo- notáveis. Os mecanismos existentes de detecção e diagnóstico da realidade nos permitem antecipar alguns possíveis "tsunamis" naturais e sociais. Porém, é preciso ter consciência do potencial dano ocasionado ainda que o problema seja diagnosticado.

Muitas vezes, ao conhecer a realidade apontada, negamos ou escondemos a sua existência, fazemos a chamada "política de avestruz" ou a lei do silêncio. Com essa atitude, não só não encaramos o problema como não conseguimos evitar que ele se repita com conseqüências cada vez mais graves, que vão se multiplicando e se agravando, tornando, assim, sua solução mais difícil.

Esconder debaixo do tapete situações objetivamente graves é uma constante. Tanto no âmbito privado quanto no público. Racionalizamos, elaboramos discursos que analisam o tema para nos tranqüilizarmos. Dizemos o certo, o correto, o indiscutível, embora imediatamente nos imobilizemos, nos acomodemos quase que confortavelmente na coerência teórica de tais afirmações. Deixamos para amanhã o que poderíamos ter feito e enfrentado hoje.

Agora, voltamos a ver um novo caso de violência nas escolas que ganhou amplo espaço na mídia. Temos cotidianamente outros exemplos, não tão dramáticos, que não são veiculados ou permanecem restritos a jornais locais e rádios comunitárias. As violências físicas e simbólicas estão instaladas, em maior e menor intensidade, nas nossas escolas.

Depois de tantos anos trabalhando sobre os temas de violências nas escolas no Brasil e em outros países da América Latina, continua nos chamando a atenção a relativa importância (para não dizer pouca) que se dedica ao assunto. Faltam políticas públicas claras, programas em execução que enfrentem decididamente o cotidiano de violência nas escolas.

Verifica-se grande limitação por parte das autoridades políticas e educacionais para assumir com decisão, coragem e determinação o enfrentamento cuidadoso de um problema que está tendo enorme efeito negativo no cotidiano de ensino e aprendizagem de jovens e crianças.

Isso está enfraquecendo as relações de convivência entre alunos, professores e demais atores sociais que atuam nesse espaço escolar. Por causa disso, está diminuindo de forma acelerada e alarmante, tanto para alunos quanto para professores, o desejo de ir à escola, que deixa de ser um espaço prazeroso.

A preocupação não parece ser entender o porquê desses altíssimos níveis de violência dentro do espaço escolar. As possíveis respostas, em geral, não começam baseadas em um diagnóstico da realidade, mas em generalidades aparentemente eloqüentes, vistosas e comprovadamente ineficientes. A automedicação raramente tem efeitos positivos e duradouros.

Não há intenção de dialogar com professores, alunos, diretores e pais, por meio de mecanismos sistemáticos e científicos, para que sejam elaboradas políticas públicas de longo prazo.

É um equívoco dizer que a resposta é o aumento de câmeras de vigilância, catracas para "expulsar os culpados" ou ampliar a presença das forças de segurança dentro das escolas. Isso é não querer entender o problema em sua real e profunda dimensão. Não é essa a forma adequada de usar as tecnologias para detecção de problemas.

Expulsando os esporádicos responsáveis pela violência, não estaremos expulsando as causas que a originam dentro das escolas. Temos de expulsar as razões que levam às situações constantes de violência para que alunos, professores, diretores e pais voltem a sentir o prazer de estudar, aprender e conviver nesse espaço em que devem se formar os cidadãos de hoje e de amanhã e a escola possa ser, como dizia Paulo Freire, um espaço de felicidade.

JORGE WERTHEIN , 67, mestre em comunicação e doutor em educação pela Universidade Stanford (EUA), é diretor-executivo da Ritla (Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana). Foi representante da Unesco no Brasil.

MIRIAM ABRAMOVAY , socióloga, é coordenadora de Pesquisa da Ritla, integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Juventudes, Identidades e Cidadania e consultora da Cufa-DF (Central Única das Favelas do DF).

Jovens de comunidades carentes recebem instrumentos musicais


Roberto Pereira/SEI

Uma das principais acepções para a palavra música é a ‘Arte e técnica de combinar sons de maneira agradável ao ouvido’. Para o Governo do Estado esta definição vai além. O programa Orquestrando Pernambuco, parceria entre as secretarias de Educação, Desenvolvimento Social e o Conservatório Pernambucano de Música (CPM), é um belo exemplo disso. O governador Eduardo Campos explica o porquê. 
 
“Esse programa dialoga com uma série de outras ações que representam a ida do Estado na direção dos que mais precisam dele. Quem aprende música aprende harmonia e isso é cultura de paz. É a construção de outra compreensão da vida, a percepção de que nada a gente faz sozinho. Abracem essa oportunidade. Com certeza podemos estar aqui diante de pessoas que vão reger grandes orquestras e que vão dar grandes alegrias aos professores, às famílias, e a todos nós que pudemos participar deste início de caminhada”. 
 
O Orquestrando está implantado em três bairros do Recife – Brasília Teimosa, Coelhos e Santo Amaro – e pretende transformar jovens de comunidades carentes em músicos profissionais e estimular a formação de novas orquestras. O programa trabalha com meninos e meninas de 7 a 15 anos que participam das aulas nos próprios bairros onde moram. 
Nesta quinta-feira (20), foram entregues 24 violas, 75 violinos, seis violoncelos e três teclados, além de três amplificadores de som, 96 estantes e 105 cadeiras, que vão possibilitar o início das aulas práticas nas comunidades. O custo total dos instrumentos e equipamentos foi de R$ 60 mil. Os alunos que mais se destacarem nas aulas e exercícios práticos vão ter a oportunidade de se aprofundarem ainda mais com aulas no Conservatório e a idéia é levar o projeto para as cidades do interior pernambucano. 
 
Monalisa Andrade recebeu um violoncelo. Com 13 anos, acredita que esta pode ser a grande chance da sua vida. “Já estou bem adiantada nas aulas de teoria e não vejo a hora de começar a tocar meu instrumento. Essa é uma grande oportunidade que o Governo de Pernambuco está me dando e pretendo não deixar essa chance passar”, falou, emocionada. Moradora de Brasília Teimosa, comunidade do bairro do Pina, Monalisa disse que dificilmente conseguiria adquirir o instrumento que custa mais de R$ 1.000, 00. 
 
Gestor do Conservatório, Sidor Hulak afirmou que desde o início da gestão de Eduardo Campos o CPM não é só mais uma escola. “Estamos, através da música, implementando políticas públicas que beneficiem o Estado”, disse. O secretário de Educação Danilo Cabral explicou que “Estas novas ações do Conservatório fazem parte dos objetivos estratégicos do Governo como a garantia de educação pública de qualidade, inclusão social e divulgação da cultura pernambucana”. 
 
NOVOS PROFESSORES – Danilo Cabral anunciou que o Estado está promovendo concurso para 130 vagas de professores de música, 95 destes para o conservatório. Há 13 anos que não havia este tipo de seleção pública.

Aprovada cota para negros, índios e pobres em escolas federais


 
Por Elton Bomfim
 
A proposta reserva 50% das vagas para alunos que cursaram integralmente o ensino médio em escolas públicas.
O Plenário aprovou nesta manhã projeto que reserva no mínimo 50% das vagas nas universidades públicas federais para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas. A proposta - PL 73/99, da deputada Nice Lobão (DEM-MA) - foi aprovada na forma do substitutivo aprovado em 2005 pela Comissão de Educação e Cultura, elaborado pelo deputado Carlos Abicalil (PT-MT). O projeto segue para o Senado.

Os parlamentares aprovaram emenda que destina metade das vagas reservadas aos estudantes oriundos de famílias com renda per capita de até 1,5 salário mínimo (R$ 622,50). Além disso, essas vagas deverão ser preenchidas por alunos negros, pardos e indígenas segundo a proporção dessa população no estado onde é localizada a instituição de ensino, segundo o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, lembrou que hoje se comemora Dia da Consciência Negra. Segundo ele, essa proposta tem todo o conteúdo de justiça social em relação a etnias. "O fato de ter havido um acordo entre os partidos para sua aprovação aumenta sua grandeza".

Regras 
De acordo com o texto aprovado, as universidades públicas deverão selecionar os alunos do ensino médio em escolas públicas tendo como base o coeficiente de rendimento, obtido através de média aritmética das notas ou menções obtidas no período, considerando-se o currículo comum a ser estabelecido pelo Ministério da Educação. O texto faculta às instituições privadas de ensino superior o mesmo regime de cotas em seus exames de ingresso.

Nível médio 
O substitutivo de Abicalil também determina semelhante regra de cotas para as instituições federais de ensino técnico de nível médio. Elas deverão reservar, em cada concurso de seleção para ingresso em seus cursos, no mínimo 50% de suas vagas para alunos que tenham cursado integralmente o ensino fundamental em escolas públicas. Nessas escolas, se aplicará o mesmo critério das universidades para a admissão de negros e indígenas.

Caberá ao Ministério da Educação e à Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da Presidência da República, ouvida a Fundação Nacional do Índio (Funai), o acompanhamento e avaliação desse programa de cotas. Após dez anos, o Poder Executivo promoverá a revisão do programa.

As universidades terão o prazo de quatro anos para o cumprimento das regras, implementando no mínimo 25% da reserva de vagas determinada pelo texto a cada ano.

Extinção do vestibular
A autora do projeto original, deputada Nice Lobão, argumenta que o ideal seria a extinção do vestibular, mas, como tal objetivo ainda não pode ser alcançado, a proposta é estabelecer uma mudança gradual, deixando 50% das vagas no padrão convencional de ingresso na universidade.

Íntegra da proposta:
- PL-73/1999

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Bancada Feminina lança campanha pelo fim da violência contra mulher


A Bancada Feminina do Congresso Nacional e a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado realizam ato político nesta quinta-feira (20) para lançar a Campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres. O evento será realizado na sala da comissão, a partir das 10 horas.

A campanha, que completa 18 anos em 2008 e é desenvolvida em 154 países, tem início mundial no dia 25 de novembro e, no Brasil, costuma ser antecipada em cinco dias para coincidir com a comemoração ao Dia da Consciência Negra, 20 de novembro. Em 2008, a campanha coincide ainda com dois marcos importantes: os 20 anos da promulgação da Constituição e o aniversário de 60 anos da promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, documentos considerados essenciais na luta pela igualdade de direitos.

Depoimentos 
Este ano, o slogan da campanha - Há momentos em que sua atitude faz a diferença. Lei Maria da Penha. Comprometa-se! - procura reforçar a importância da lei que pune com pena de prisão o agressor da mulher. Por meio da entidade Ações em Gênero, Cidadania e Desenvolvimento (Agende), foram selecionadas 16 pessoas para que dêem depoimento sobre a violência contra a mulher. Entre elas, há aquelas que sofreram situações de violência e as que apoiaram mulheres vitimadas, e também profissionais de diversas áreas que defendem a causa da campanha. Em cada história, serão ressaltadas atitudes que fizeram a diferença em suas próprias vidas ou na de outras mulheres e homens, em suas comunidades e no funcionamento das organizações em que atuam. No lançamento da campanha em Brasília, estarão quatro dessas 16 pessoas.

O lançamento contará com a presença da ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire; e de representantes do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem), do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), além da diretora-executiva da Agende, Marlene Libardoni. Na ocasião serão apresentados os materiais publicitários e informativos da Campanha 16 Dias de Ativismo. Os VTs publicitários foram gravados pela atriz Cissa Guimarães e pelo ator André Ramiro. A intenção é que os VTs estimulem a população a tomar atitude pelo fim da violência contra as mulheres.

A Biblioteca do Senado vai disponibilizar material bibliográfico sobre o assunto a diferentes setores da sociedade. O objetivo é estimular novas pesquisas na área e manter os atores envolvidos com o tema atualizados sobre estudos existentes no Brasil e no mundo. 

Sessão solene 
O Congresso Nacional realizará uma sessão solene no dia 27, às 10 horas, no Plenário da Câmara dos Deputados, em comemoração ao Dia Internacional para o Fim da Violência Contra a Mulher.

Redução de Danos, direitos humanos para quem usa drogas

Pelas madrugadas, pelos becos e baixios dos viadutos, pelas ruas do centro das cidades, eles podem ser vistos portando kits com seringas, cachimbos, água de limpeza, algodão e camisinha. Só no Brasil, esses personagens somam mais de mil, atuando em cerca de 250 programas em mais de 200 municípios. 

 Não são seguidores de alguma seita noturna, nem pregadores ou perseguidores do uso de droga. São “redutores de danos”, uma atividade que tem mais de 15 anos, autorizada por lei, mas que ainda é ignorada por muitos e condenada pelas instituições mais conservadoras. Na prática, é uma estratégia de saúde pública da mais absoluta racionalidade, com resultados embasados por pesquisas, especialmente fora do país: se as pessoas não conseguem abandonar certos atos destrutivos, como o uso de drogas, é melhor ensiná-las a praticá-los de forma a correr menos risco. 
 Foi assim que se iniciaram os trabalhos de redução de danos com os usuários de heroína injetável em alguns países da Europa e na Austrália. A maioria deles estava adoecendo e morrendo não pelo consumo da droga, mas pelos vírus da Aids e da hepatite, transmitidos entre os membros do grupo pelo uso coletivo das seringas. Como o abandono da droga é um processo longo – e nem sempre possível ou desejado –, melhor e mais urgente era reduzir as infecções. E isso só foi possível distribuindo seringas novas entre os usuários. Em muitas cidades do Reino Unido, a taxa de infectados entre quem injetava heroína caiu de pouco mais de 50% para menos de 10%. Os usuários continuaram se picando, mas passaram a freqüentar os postos de saúde, a receber cuidados e atenção médica. Passaram a se ver como cidadãos com direitos, quando antes eram apenas marginais. 
 O Brasil foi um dos primeiros países fora do grupo dos desenvolvidos que ousou essa estratégia. Pagou por isso. 
 A cidade de Santos saiu na frente propondo um programa de troca de seringas ainda em 1989, quando David Capistrano Filho era o secretário de Saúde e o médico Fábio Mesquita foi convidado a implantar um programa de redução de danos. Cidade portuária, Santos estava entre as primeiras no ranking dos casos de Aids, a maior parte pelo uso de droga injetável. Os números e os relatos internacionais mostravam que a troca de seringas usadas por novas era o caminho para a redução da epidemia, mas o Ministério Público só enxergava pelos olhos da lei. E, de acordo com a lei, oferecer seringas era considerado um incentivo ao uso de drogas, o equivalente ao tráfico, o que podia custar 12 anos de prisão. 
 Ameaçados de cadeia pelo mesmo órgão que se propõe a defender a sociedade, Capistrano e sua equipe mudaram de estratégia e voltaram atrás. Deu-se início então a uma “guerra de guerrilhas”, com grupos de várias cidades começando programas de troca de seringas, muitos com o apoio financeiro e técnico do Ministério da Saúde. Em São Paulo, por exemplo, o grupo É de Lei conseguiu habeas corpus preventivo para impedir que seus membros fossem detidos por estar portando o kit com seringas e preservativos. Em Salvador, onde em 1994 se iniciou o primeiro programa de redução em parceria com a Universidade Federal da Bahia, vários membros tiveram problemas com a polícia. Marcos Manso, da sociedade baiana de redutores, diz que essa dificuldade ainda continua.

 

A Fapesp e a Parada Gay Quase duas décadas depois das ameaças de prisão em Santos, reações da mídia nos últimos meses vieram mostrar que a política de redução de danos continua sendo mal entendida e utilizada como pretexto de ataque às pessoas engajadas com a saúde pública. Ainda em junho passado, a mídia se alarmou diante de um panfleto distribuído na Parada Gay ensinando como usar o canudo de forma correta para cheirar cocaína. O folheto orientava para usar um canudo próprio, não compartilhar com outros, nem usar cédulas de dinheiro. Qualquer infectologista dirá que esses cuidados são importantes para se evitar a transmissão de hepatites, HIV e DSTs. 
 O folheto apareceu na mídia como um incentivador ao uso de drogas e a distribuição foi cancelada. Na seqüência, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) suspendeu o financiamento de uma pesquisa que tentava avaliar os benefícios da redução de riscos no consumo de ecstasy nas danceterias de São Paulo. A pesquisa era coordenada pela pós-doutoranda Stella Pereira de Almeida e pela professora titular do Instituto de Psicologia da USP, Maria Teresa Araújo Silva. A direção da Fapesp, que já financiava a pesquisa havia um ano, suspendeu o apoio a partir de uma notícia na mídia. Foi a primeira vez que a fundação cortou um estudo por critérios morais. 
 Nos dois casos, o Ministério da Saúde veio a público lembrar que a redução de danos é uma política de saúde pública reconhecida e protegida por legislação. Mas a virulência da mídia e a tímida reação oficial acenderam as luzes de alarme dos sanitaristas e movimentos que trabalham com redução de danos. Os episódios da Parada Gay e da censura na Fapesp mostravam que se trata de uma política pública de saúde que ainda precisa de muita informação e convencimento. 
 
 Redução de danos dentro do SUS 
 Essa sensação de fragilidade apareceu em diversos momentos ao longo dos dois dias do Seminário Nacional sobre a Articulação das Ações de Redução de Danos no Âmbito do SUS, realizado no início de setembro, em Brasília. O extenso nome do seminário tinha um propósito básico: buscar formas de inserir, no cotidiano do Sistema Único da Saúde, as ações de redução e o trabalho dos redutores, como se faz com qualquer outro procedimento na área da prevenção e da assistência. Desta forma, os redutores poderão ser contratados, por exemplo, como agentes de saúde, e os municípios receberiam por ações ou outra forma de remuneração. Garante-se, desta maneira, a manutenção dos programas, seu fortalecimento, sua ampliação e avaliação, a visibilidade e o reconhecimento dos agentes, e os direitos humanos dos usuários. 
 Ao sair dos lugares poucos iluminados, das ruelas e guetos, o programa de redução de danos deixa sua clandestinidade involuntária para se mostrar como uma das ferramentas mais eficazes da saúde pública. Embora ainda bastante associada à troca de seringas para “drogados”, a filosofia da redução de danos já se estende para outras drogas ilícitas, especialmente o crack e o ecstasy. E está conseguindo adeptos nas famílias mais conservadoras quando se aplica ao uso responsável do álcool. 
 Como o álcool é uma droga “legal” e seu consumo cada vez mais freqüente e precoce, nenhuma instituição pensa em proibi-lo, mas todos concordam que é preciso um movimento da sociedade para reduzir seus danos: pelo menos 50% das mortes no trânsito e 30% dos homicídios têm a ver com o consumo excessivo. Pregações como “se beber, não dirija”, ou “vá de táxi”, ou “eleja um amigo da vez” que não beberá para dirigir na volta, são recomendações que ninguém coloca em questão. 
 
 Pesquisas proibidas 
 Várias universidades e ONGs participam de programas de consumo responsável de álcool, inclusive com o apoio dos fabricantes de bebida que não desejam ver sua marca relacionada a acidentes e querem, sim, continuar vendendo mais. Mas quando se trata de pesquisar a redução de danos com drogas ilícitas, a resistência ainda prevalece, como aconteceu com a Fapesp. Como avaliar os efeitos da droga no organismo ou no comportamento de um “drogado” se a droga do estudo é proibida e o objeto da pesquisa é alguém sem direitos e visto como marginal? Há mais de cinco anos uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostrou que a substituição do crack pela maconha vinha conseguindo resultados importantes. Nesse caso, a mudança de perfil de uso significava para muitos jovens a saída de um caminho que o levaria à morte. O uso da maconha permitiu a muitos o abandono do crack, a participação no grupo e a procura por cuidados em saúde. 
 Os resultados promissores da pesquisa nunca puderam ser colocados em prática oficialmente, porque propor a alguém o consumo de uma droga ilícita – mesmo que seja para se livrar de uma mais danosa – é considerado crime. 
 A questão da pesquisa foi um dos temas mais debatidos no encontro de Brasília. Muita gente da academia que se ocupa com o tema, mas questiona a redução de danos, alega que os resultados são apenas empíricos, sem a metodologia clássica. Na prática, já há várias teses de doutorado aprovadas na USP – entre outras universidades – mostrando evidências científicas da redução de danos. 
 “Mas precisamos de mais dados, mais estudos, que se faça um marketing dessa estratégia de saúde e que o conceito de redução de danos seja divulgado junto à população”, disse o médico Paulo Teixeira, consultor internacional e criador do primeiro programa de DST-Aids no Brasil. 
 O seminário de Brasília foi conduzido por três programas do Ministério da Saúde, o de DST-Aids, de Saúde Mental e de Hepatites Virais. Participaram representantes de ONGs e de programas estaduais e municipais, a Unodc (órgão das Nações Unidas para o controle das drogas) e a Secretaria Nacional Antidrogas. Três entidades fundamentais no processo do SUS estiveram no encontro, o Conselho Nacional de Saúde, o Conass e o Conasems, que reúnem os secretários estaduais e municipais de Saúde, porque são as cidades que convivem com as diferenças. As propostas tiradas do encontro de Brasília serão levadas à XIII Conferência Nacional de Saúde, que acontece em novembro e que define a política de saúde para os próximos anos. 
 
 Tarefas de um redutor de danos 
 Em um país onde há uma secretaria com o nome de “antidrogas”, e onde o uso é criminalizado, embora para a atual lelgislação o usuário não seja mais um criminoso, as políticas de saúde estão sempre em choque com uma filosofia de segurança pública repressiva. 
 “A resolução que garante nosso trabalho é federal, mas muitos policiais, nos estados e municípios, ainda tratam a pessoa que usa drogas como marginal. É preciso um trabalho de capacitação desses profissionais”, diz a psicóloga sanitarista Maristela Moraes, vice-presidente da Aborda, Associação Brasileira de Redutoras e Redutores de Danos. Junto com a Rede Nacional de Redução de Danos (Reduc) e as associações estaduais, a Aborda está elaborando um cadastro para saber quantos são os programas ou projetos, os redutores e os usuários atendidos. O Ministério da Saúde estima em 190 mil o número de usuários de drogas injetáveis, mas não há estimativas sobre dependentes de cocaína, crack e outras drogas. No Recife, onde Maristela atua, são cerca de 15 redutores vinculados aos CAPs-AD, que são Centros de Atenção Psicossocial para usuários de álcool e drogas, serviço que existe em todo o país. 
 Para se tornar um redutor que vai a campo não é preciso usar drogas, nem ter usado. “O importante é que tenha acesso à roda dos que usam drogas, aos grupos, aos guetos onde os agentes de saúde não conseguem chegar”, diz a psicóloga. Ganhar a confiança daquele que usa droga, fazer com que adote cuidados básicos, que ganhe auto-estima e possa procurar um posto de saúde – “se quiser” – são as tarefas do redutor de danos. 
 Em Sorocaba, a ONG Lua Nova vem conseguindo trazer para dentro do CAP-AD da rua Minas Gerais, no centro da cidade, muitos usuários que antes só eram contatados “em campo”, ou seja, nos locais onde usam drogas. A estratégia adotada foi passar a administração do centro, aos sábados e à noite das 19h às 22h, para os próprios usuários. Quatro deles se revezam na administração, cuidando da lavanderia, da cozinha, da limpeza e do acolhimento de novos usuários. “Entre 20 a 30 passam pelo centro todas as noites e aos sábados”, diz a psicóloga Raquel Barros, presidente da Lua Nova. Contando aqueles atendidos nas ações de rua, são entre 500 a mil usuários, estima Raquel. Durante o dia, o CAP da Minas Gerais é tocado pela equipe técnica como qualquer outro, com assistente social, psicólogo, etc. Do lado de fora do posto, há armários como esses de academia onde os usuários deixam a droga ou arma que eventualmente estejam portando e ficam com a chave do cadeado. “Nós não proibimos que usem drogas. Mas não usar aqui dentro é uma questão de respeito”, diz a psicóloga. Nas horas que passa ali, o grupo já organizou curso de vídeo e criou uma série de atividades. 
 
 É de Lei na Cracolândia 
 No país todo são cerca de 1.200 CAPs-AD e 138 deles têm Programas de Redução de Danos (PRDs) com atividades externas. Nos 24 serviços especializados em DST-Aids da cidade de São Paulo, 12 têm PRD, todos com equipes que saem às ruas em diferentes áreas da cidade, diz Elza Alves Ferreira, que coordena o PRD-Sampa, de São Paulo. 
 Entre as ONGs que trabalham com redução de danos em São Paulo, o grupo É de Lei mantém um trabalho contínuo desde 1998 e sua sala de convivência fica nas galerias da rua 24 de Maio, região central da cidade. Restaram poucos usuários de drogas injetáveis nessa região. A maior freqüência é de jovens que vivem ou se drogam nas ruas da vizinha Cracolândia. A equipe do É de Lei distribui três kits diferentes, um para quem usa droga injetável – com seringas, água limpa para dissolver a droga e algodão para limpeza –, um segundo – com piteira de silicone e protetores labiais, para quem usa crack – e um terceiro, o “kit-snif” – com um canudo de silicone e um papel laminado, para quem usa cocaína cheirada. Todos são acompanhados de preservativos e folhetos informando sobre hepatite e DST-Aids, além de recomendações básicas sobre saúde. 
 No ano passado, o grupo distribuiu cerca de 2 mil piteiras e 3 mil protetores labiais para os cerca de 200 jovens que são contatados na Cracolândia. “É uma população difícil de se aproximar, muito vulnerável, e que vem enfrentando a ‘operação limpa’ da prefeitura, que quer tirá-los dali sem oferecer uma solução para essas pessoas”, diz a psicóloga Marina Sant’Anna, presidente do É de Lei. 
 Entre as muitas dificuldades da redução de danos, uma é a contratação dos redutores, pois os órgãos públicos exigem concursos. Alguns municípios tiveram de buscar brechas na lei para contratá-los. Em Itajaí, por exemplo, que já teve o mais alto índice de infecção pelo HIV/Aids no país por conta da droga injetável, abriu-se um concurso em que a participação em seminários e oficinas sobre redução danos contava pontos. E como não existe na prefeitura a função de redutores de danos, foram contratados como agentes de endemias. Assim, entre o grupo que já participava da redução de danos, praticamente todos passaram no exame. Ganham R$ 568 por mês e, entre os 15, dois têm curso superior e os outros estudam Psicologia, Fisioterapia, Enfermagem, Pedagogia e mesmo Medicina. “No início, a maioria usava drogas. Hoje isso não interessa mais, todos são agentes com experiência”, diz a Giovana Foltran, que dirige o programa de DST-Aids de Itajaí.

Cientista político denuncia trabalho escravo nas usinas de etanol

BRASÍLIA - O cientista político e coordenador da organização não-governamental (ONG) Repórter Brasil, Leonardo Sakamoto, disse hoje nesta terça-feira que, ao contrário do que o governo diz, há trabalho escravo nas usinas de produção de etanol. Segundo Sakamoto, de janeiro até agora, foram libertados mais de 1.800 trabalhadores de fazendas de cana-de-açúcar.
- No ano passado, esse número chegou a mais de 3 mil. Em 2006, foram 300 e, no ano anterior, 1.500. O trabalho escravo não é resquício do passado. Ele existe para reduzir ou zerar o custo da produção, tornar o empreendimento competitivo. Ou seja, o dono da usina explora os trabalhadores durante anos e guarda capital para um dia comprar máquinas depois de usar a mão-de-obra à exaustão - afirmou.
O geógrafo Plácido Júnior, pesquisador da Comissão Pastoral da Terra de Pernambuco, considera nocivo o etanol produzido no Brasil a partir da cana-de-açúcar, porque tem como base a produção em grande escala, concentrando a terra, além de ser oriundo de monocultura.
- A produção de etanol é tão prejudicial quanto qualquer outro monocultivo, seja de soja ou de eucalipto, porque impacta diretamente a vida do planeta, as águas, o meio ambiente e a vida do trabalhador - disse.
De acordo com o geógrafo, é no setor sucroalcooleiro que se concentra a maior parte de trabalho escravo no país.
- É uma convivência harmoniosa entre o moderno e o capital internacional, que concentra terra e renda e tem na sua essência o trabalho escravo. E é um modelo que visa apenas exportar, e não atender à necessidade do povo brasileiro.
Plácido enfatizou que um dos impactos da expansão da cana-de-açúcar no Brasil é a destruição dos diversos biomas existentes no país. Outro problema é que essa cultura empurra as comunidades de quilombolas, indígenas e camponeses para regiões ribeirinhas, já que os cultivos se apropriam das áreas antes habitadas por essas pessoas.
- Além disso, as terras disputadas pela reforma agrária estão sendo disputadas pelo agronegócio da cana. Ou seja, o Brasil tem milhões de hectares improdutivos, que poderiam ser destinados à reforma agrária e estão sendo apropriadas pelo grande capital para a produção sucroalcooleira - acrescentou o geógrafo.
Para ele, a solução para o problema não está só na mudança do modelo de agricultura, mas também na criação de um modelo de agricultura camponesa, que pode construir a soberania alimentar e energética de forma sustentável no país. Entretanto, acrescentou, é preciso discutir mais do que isso.
- Temos que discutir que modelo de sociedade queremos construir. Há um conjunto de fatores que deve ser discutido coletivamente, da produção até o consumo dessa matriz energética - enfatizou.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Instituições debatem Democracia e Favela em seminário



Características das favelas em Recife, a relação entre os moradores desses espaços e as dinâmicas da democracia serão alguns dos assuntos debatidos no seminário Favela: Visões, Poderes e Governamentalidade, dia 21 de novembro, no anfiteatro Iracema Pires do Centro de Educação da UFPE, a partir das 15h. 
O evento é um ciclo formativo entre as instituições Observatório de Favelas, a associação Núcleo Educacional Irmãos
Menores Francisco de Assis (Neimfa) e o projeto de extensão da UFPE, Coque Vive. 
A programação inclui mesas temáticas, debate, um Cine-Fórum, além de uma apresentação dos resultados do curso realizado pelas duas instituições e pelo projeto Coque Vive para adolescentes do bairro do Coque. Os estudantes deste curso é que vão expor, na ocasião, o que aprenderam até agora. 
A participação em todo o evento é gratuita. 

Na mesa de debate, José Karajá, coordenador do Observatório de Favelas, falará sobre a relação entre a favela e o restante da cidade. As dinâmicas dos moradores desses locais, suas estratégias para lidar com um espaço diferenciado em relação à presença do Estado ou mesmo em relação aos olhares do restante da população, serão alguns dos assuntos postos em debate pelo coordenador. O professor Alexandre Freitas, representante do Neimfa e coordenador do curso de Padagogia da UFPE, abordará a questão atentando para as relações que travamos com as
formas de participação política e com as relações de poder, tendo como ponto de partida o bairro do Coque. 
Os dois debatedores serão mediados por João Vale Neto, representante do projeto de extensão da UFPE, Coque Vive, que abordará como os vínculos dos extensionistas com o Coque mudaram a visão desses estudantes com relação ao bairro, rompendo a guetificação, isto é, os muros da invisibilidade construídos pela mídia e pela sociedade. 

Após o debate, os participantes do evento vão conhecer o curso para adolescentes do Coque realizado no Neimfa pelos três atores presentes na mesa do seminário: Agentes de Desenvolvimento Comunitário. Os agentes irão apresentar os eixos que estudam, como a pesquisa, a leitura e a produção de imagens, o estudo sobre a identidade, bem como as oficinas que concretizam tais eixos.

Para encerrar a programação do evento, serão exibidos filmes produzidos no âmbito da Rede Coque Vive por estudantes da UFPE monitores e por moradores do Coque: A linha, a maré e a terra: memórias do Coque e Desclassificados, às 18h, no hall do Centro de Educação. Cada uma dessas produções complementam as temáticas do debate, apresentando a comunidade, suas histórias e suas relações com a cidade. Os realizadores dos vídeos estarão no local para conversar com o público.

Favela: Visões , Poderes e Governamentalidade

Onde: Centro de Educação
da Universidade Federal de Pernambuco, Anfiteatro Iracema Pires (Sala 12), térreo

Quando: 21 de novembro de 2008. 
Apresentações, exposições, debate: das 15h às 18h
Cine Fórum: das 18h às 19h

Temas: Os Espaços Populares e a Cidade - José Karajá
Coque: Visões e Vínculos - João Vale Neto, projeto Coque Vive, Observatório de Favelas
Espaços Populares e Democracia -
Alexandre Freitas, Neimfa

Participação Gratuita

JOVENS DISCUTEM CRIAÇÃO DA SECRETARIA DE JUVENTUDE DE IBIMIRIM


            Localizados no Sertão do Moxotó, jovens do município de Ibimirim, a 380 km do Recife discutem a criação da Secretaria de Juventude Municipal. O último encontro foi realizado sábado, dia 8, às 9h, na sede da Secretaria de Agricultura do município.

            Para ampliar a discussão, os ADL irão convocar os coletivos juvenis para realizar encontros comunitários. Nesses momentos, cada comunidade deverá eleger jovens delegados para representação no Fórum de discussão mais ampliado, que irá ser formado com delegações de todas as comunidades. 

            Esse movimento surgiu depois da participação de Agentes de Desenvolvimento Local – ADL do Campus Poço da Cruz na Conferência Estadual de Juventude. “Estamos estimulados. Queremos criar órgãos e setores que elaborem políticas públicas com a juventude”, comenta o ADL Gessé Rodrigues. 

Reunião discutirá ações para a juventude


A Secretaria Especial de Juventude e Emprego promove nesta quinta-feita (13), no Recife Praia Hotel, no Pina, a 5ª Reunião Comitê Intersetorial de Juventude. Será discutida a  potencializarão das ações do  Governo do Estado, a partir do Índice de Desenvolvimento da Juventude(IDJ), elaborado pelo pesquisador Júlio Jacobo, que estará presente à reunião.

O IDJ traça um quadro analítico das condições de vida da juventude brasileira. Também será apresentado o mapeamento das ações para a juventude, desenvolvidas pelas secretarias estaduais, incluindo a Secretaria Especial de Juventude e Emprego (SEJE).

Novo programa - Começam também nesta quinta (13) as inscrições para o Programa Juventude em Movimento, da SEJE. O objetivo é oferecer gratuitamente para 400 jovens de Santo Amaro, atividades voltadas à cidadania, inclusão digital, esporte, cultura, comunicação e qualificação profissional, além de uma bolsa mensal de R$ 100,00 para os participantes matriculados em escolas. Poderão se inscrever, dirigindo-se até o DER (Departamento de Estradas e Rodagens de Pernambuco - DER: Av. Cruz Cabugá, Santo Amaro, em frente ao Hospital da Marinha), jovens de 16 a 24 anos, expostos à violência doméstica, urbana ou em situação de rua.

Câmara aprova em segundo turno PEC da Juventude


Por Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A Câmara dos Deputados aprovou hoje (12), por 382 votos
favoráveis e uma abstenção, em segundo turno, a proposta de emenda à
Constituição (PEC 138/03) da Juventude. A PEC amplia os direitos da
juventude ao assegurar ao jovem, na Constituição Federal, prioridade em
direitos como saúde, alimentação, educação, lazer, profissionalização e
cultura.

Os deputados estão agora apreciando os destaques que visam a alterar o
texto principal da PEC. A proposta é de autoria do deputado Sandes Junior
(PP-GO) e já foi aprovada em primeiro turno. Concluída a votação dos
destaques ela será encaminhada à discussão e votação do Senado.

Ação beneficia 12 comunidades em risco da RMR


O lançamento do Programa Governo Presente, ontem, no bairro de Santo
Amaro, no Recife, motivou o pronunciamento dos deputados Alberto Feitosa
(PR) e o primeiro-secretário da Casa, João Fernando Coutinho (PSB). Os
parlamentares parabenizaram o Executivo Estadual pela iniciativa, que visa
incluir socialmente moradores de 12 comunidades da Região Metropolitana do
Recife (RMR) que apresentam alto índice de criminalidade. “O programa dará
oportunidade aos jovens a uma vida melhor, pois o Estado estará presente
nesses locais não só com o aparato policial, mas com políticas públicas e
de controle social”, destacou Feitosa.

O Governo Presente faz parte do Pacto pela Vida e será coordenado pelo
secretário de Articulação e Desenvolvimento, Waldemar Borges. “Ele é um
homem comprometido com a causa pública e responsável pelas iniciativas que
visam otimizar as ações da Polícia, evitando, assim, que os jovens
ingressem na marginalidade e resgatando os que, por ventura, já
ingressaram”, ressaltou o republicano, apresentando Voto de Aplausos para
o secretário.

De acordo com João Fernando Coutinho, o lançamento do programa deixou os
jovens de Santo Amaro entusiasmados. “Certamente a medida mudará a vida
deles, pois trará mais oportunidades. Muitas vezes, sem alternativas fora
do horário escolar, os jovens ingressam nas drogas”, comentou. O
parlamentar destacou, ainda, as ações integradas que serão desenvolvidas
por oito Secretarias: Esporte; Desenvolvimento Social; Juventude e
Emprego; Mulher, Saúde e Articulação Social. “Novos valores artísticos e
culturais levarão cidadania às pessoas”, avaliou.

O deputado Cleiton Collins (PSC) também destacou o empenho do governador
Eduardo Campos (PSB) em combater a violência. “O resultado tem sido
positivo, apesar de ainda ter muito a ser feito”, observou.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Desigualdade de gênero continua "profundamente arraigada" no mundo, alerta ONU

Por Paula Laboissière 
Repórter da Agência Brasil 

 

Brasília - O Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa) alerta que a desigualdade de gênero continua a ser disseminada e “profundamente arraigada” em muitas culturas, apesar dos acordos internacionais e do compromisso estabelecido por diversos países para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

No Relatório sobre a Situação da População Mundial 2008, divulgado na íntegra hoje (12), o organismo destaca que as mulheres e meninas representam três quintos do 1 bilhão de pessoas mais pobres do mundo. As mulheres, sozinhas, equivalem a dois terços dos 960 milhões de adultos em todo o mundo que não sabem ler. Já as meninas respondem por 70% dos 130 milhões de crianças que não freqüentam a escola.

A subsecretária de Articulação Institucional da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Sônia Malheiros Miguel, avalia que a transformação da situação das mulheres no mundo ainda é “muito complicada”. Ela lembra avanços como a entrada no mercado de trabalho, o acesso à educação e aos direitos políticos, mas reforça que ainda existem diferenças que precisam ser enfrentadas com "políticas fortes”.

As relações de poder, de acordo com o relatório, moldam as dinâmicas de gênero e podem resultar em práticas consideradas prejudiciais como o casamento com crianças, apontado como uma das principais causas de mortalidade materna.

“Nos espaços de poder e decisão, é evidente a desigualdade entre homens e mulheres. As mulheres tem mais anos de estudos que os homens, mas, quando vamos olhar o acesso das mulheres, somos minoria em todos os espaços”, afirma Sônia.

A publicação aponta ainda que a mutilação genital feminina, outra prática consideradas prejudicial, continua existindo em diversos países – apesar da existência de leis contra ela – e muitas vezes conta com o apoio das próprias mulheres, na crença de que darão proteção a suas crianças e a elas mesmas.

Em um recorte específico na América Latina, a Unfpa elogia o sucesso das mulheres no sentido de dar visibilidade à violência de gênero e assegurar uma legislação contra essa prática, mas ressalta que a aplicação das leis continua a ser um problema.

Ao tratar da implantação da Lei Maria da Penha no Brasil, que prevê punições mais rigorosas para a violência doméstica, Sônia Malheiros Miguel reforça que o processo é "demorado" e que a principal tarefa ainda deve ser a de mobilização para que os artigos do texto “saiam do papel” e se tornem efetivos no dia-a-dia das brasileiras.

“A existência da lei, em si, é uma questão fundamental, é um instrumento jurídico que coloca em xeque essa relação violenta entre homens e mulheres. Agora, é fazer com que a lei se efetive".

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Oxalá!

Barack Obama, primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos, concretizará o sonho de Martin Luther King ou o pesadelo de Condoleezza Rice? Esta Casa Branca, que agora é sua casa, foi construída por escravos negros. Oxalá ele não se esqueça disso, nunca.

Por Eduardo Galeano

Obama provará no governo que suas ameaças de guerra contra o Irã e o Paquistão não foram mais do que palavras, proclamadas para seduzir ouvidos difíceis durante a campanha eleitoral?

Oxalá. E Oxalá não caia por nenhum momento na tentação de repetir as façanhas de George W. Bush. Ao fim e ao cabo, Obama teve a dignidade de votar contra a guerra do Iraque, enquanto o Partido Democrata e o Partido Republicano ovacionavam o anúncio dessa carnificina.

Durante sua campanha, a palavra “leadership” foi a mais repetida nos discursos de Obama. Durante seu governo, continuará crendo que seu país foi escolhido para salvar o mundo, tóxica idéia que compartilha com quase todos seus colegas? Seguirá insistindo na liderança mundial dos Estados Unidos e na sua messiânica missão de mando?

Oxalá esta crise atual, que está sacudindo os cimentos imperiais, sirva ao menos para dar um banho de realismo e de humildade a este governo que começa.

Obama aceitará que o racismo seja normal quando exercido contra os países que seu país invade? Não é racismo contar um por um os mortos dos invasores no Iraque e ignorar olimpicamente os muitíssimos mortos entre a população invadida? Não é racista este mundo onde há cidadãos de primeira, segunda e terceira categoria, e mortos de primeira, segunda e terceira?

A vitória de Obama foi universalmente celebrada como uma batalha ganha contra o racismo. Oxalá ele assuma, a partir de seus atos de governo, esta formosa responsabilidade.

O governo de Obama confirmará, uma vez mais, que o Partido Democrata e o Partido Republicano são dois nomes de um mesmo partido?

Oxalá a vontade de mudança, que estas eleições consagraram, seja mais do que uma promessa e mais que uma esperança. Oxalá o novo governo tenha a coragem de romper com essa tradição de partido único, disfarçado de dois partidos, que, na hora da verdade, fazem mais ou menos o mesmo ainda que simulem uma disputa entre eles.

Obama cumprirá sua promessa de fechar a sinistra prisão de Guantánamo? Oxalá, e Oxalá acabe com o sinistro bloqueio a Cuba.

Obama seguirá acreditando que está certo que um muro evite que os mexicanos atravessem a fronteira, enquanto o dinheiro passa livremente sem que ninguém lhe peça passaporte?

Durante a campanha eleitoral, Obama nunca enfrentou com franqueza o tema da imigração. Oxalá a partir de agora, quando já não corre o risco de espantar votos, possa e queira acabar com esse muro, muito maior e vergonhoso que o Muro de Berlim, e com todos os muros que violam o direito à livre circulação das pessoas.

Obama, que com tanto entusiasmo apoiou o recente presente de 750 bilhões de dólares aos banqueiros, governará, como é costume, para socializar as perdas e para privatizar os lucros. Temo que sim, mas oxalá que não.

Obama firmará e cumprirá o protocolo de Kyoto, ou seguirá outorgando o privilégio da impunidade à nação mais envenenadora do planeta? Governará para os automóveis ou para as pessoas? Poderá mudar o rumo assassino de um modo de vida de poucos no qual se rifam o destino de todos?

Temo que não, mas Oxalá que sim.

Obama, primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos, concretizará o sonho de Martin Luther King ou o pesadelo de Condoleezza Rice? Esta Casa Branca, que agora é sua casa, foi construída por escravos negros. Oxalá ele não se esqueça disso, nunca.

Bolsistas do Prouni podem formalizar contrato do Fies até sexta

A Secretaria de Educação Superior encerra, nesta semana, o prazo para os bolsistas do Programa Universidade para Todos (Prouni) formalizarem os contratos do Financiamento Estudantil. O prazo segue até a próxima sexta-feira (14).

Para candidatar-se ao financiamento, os estudantes devem estar regularmente matriculados em instituições não gratuitas, cadastradas no programa e com avaliação positiva nos processos conduzidos pelo Ministério da Educação.

NÃO BOLSISTAS - Estudantes de instituições particulares de todo o Brasil têm até a próxima sexta-feira (14) para se inscrever no processo seletivo do Fies. A finalização do cadastro pode ser feita até o domingo (16) no site do programa.

A relação com o nome de todos os candidatos inscritos na seleção será divulgada no dia 17 de novembro. Entre 1º e 19 de dezembro, os candidatos classificados em primeira chamada serão convocados para entrevista.

O Fies é operacionalizado pela Caixa Econômica Federal. Desde 1999, mais de 506 mil estudantes foram beneficiados. Estão credenciadas 1.459 instituições de educação superior, enquanto o investimento chega a R$ 4,6 bilhões.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Pacto pela Vida quer entrar em Santo Amaro pelas mãos dos jovens

O governador Eduardo Campos lança nesta sexta-feira, às 9h, na Praça 11 de Julho, em Santo Amaro, o Governo Presente, projeto apresentado como um conjunto de ações integradas para a cidadania.

A iniciativa reúne 33 ações de inclusão social e produtiva que serão realizadas no bairro por oito secretarias de forma articulada e simultânea.

“Os programas e projetos selecionados para o Governo Presente estão voltados para todas as faixas etárias, mas é para os jovens que a maioria das intervenções está voltada, focadas na prevenção às drogas, acesso à educação, esportes, cultura e cidadania”, diz o secretário de Articulação Social, Waldemar Borges.

Além de Santo Amaro, o Governo Presente será levado às 12 áreas mais vulneráveis à violência do Recife e Região Metropolitana.

A articulação integrada do Governo Presente em Santo Amaro conta com ações das secretarias de Esportes, Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Defesa Social, Juventude e Emprego, Mulher, Saúde, Educação e Articulação Social – responsável pela coordenação. As secretarias integram a Câmara de Prevenção Social, uma das quatro câmaras do Pacto pela Vida.

Programas e projetos selecionados serão executados em prédios públicos (escolas, centros de capacitação) e comunitários – reforçando a integração entre Governo e comunidade.

Para acompanhar a execução das ações e para manter um canal de diálogo direto com os moradores, o Governo Presente contará com uma base (escritório) no bairro. O de Santo Amaro funcionará na Escola Estadual Estácio Coimbra (Rua Marques do Pombal, s/n).

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