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terça-feira, 24 de junho de 2008

INCLUSÃO ÉTNICA E RACIAL NO BRASIL



A questão das cotas no ensino superior

Por Thiago Ladislau

O texto de José Jorge de Carvalho – Inclusão Étnica e Racial no Brasil, que trata da questão das cotas no Ensino Superior, mostra o grau de racismo existente no Brasil. Com foco na participação dos negros, que inclui pretos e pardos, alguns dados vergonhosos são expostos neste trabalho.
A situação dos negros nas Universidades é tão absurda que o debate sobre a presença dos negros no ensino superior começou apenas em 1999, na Universidade de Brasília e só começou a ser disseminada a partir de 2001 na III Conferencia Mundial contra o racismo, realizada na África do Sul. Ainda assim pouco mais de uma dúzia de Universidades Estaduais e Federais implementam alguma modalidade de cotas para negros ou indígenas na graduação.
O racismo brasileiro é tão crônico, abrangente e consistente que se reproduz em todas as áreas da vida social e também no interior da instituição Universitária. Os negros e os índios estão excluídos de todos os postos importantes da nação especialmente porque não é possível alcançar postos importantes do controle e poder do Estado, de produção de riqueza sem ter acesso ao ensino superior. Daí só lhe resta o esporte, as artes performáticas e alguns nichos da indústria cultural, e para o índio menos ainda.
No Brasil os estudantes universitários passaram de um contingente de pouco mais de 50 mil no inicio da década de 60 para chegar atualmente a mais de 1 milhão de matriculados, porem o numero de estudantes brancos nas carreiras de alto prestigio das universidades mais importantes chega a 96% e em alguns casos a 98%. Esta é a mesma porcentagem que existia no ano de 1950: 4% de negros entre os estudantes. Já entre os professores é ainda pior: mais de 99% dos professores das Universidades públicas de presença nacional são brancos, em um pais que os negros representam 47% da população brasileira. Em relação aos índios, até 8 anos atrás, sua exclusão era absoluta.
Diante desse quadro de racismo tão evidente, ou somos coniventes com a sua reprodução, ou nos engajamos em alguma atividade dirigida a combatê-lo.(p.13).
É certo que propor cotas para negros na Universidade não anula a luta pelo ensino básico público, gratuito e de boa qualidade, e com aumento de vagas. Ou seja, a questão não é parar de investir no ensino básico e focar-se apenas no Ensino Superior. Mas é totalmente sem nexo que a luta pelo ensino básico anula a luta pela ascensão do negro nas universidades por medida emergencial, no caso, pelas cotas.
Deve-se ter a noção que o Brasil tem uma divida histórica para com os negros, tanto pela sua exploração e escravização no período colonial, como pelo descaso com os mesmos no fim da escravidão em 1888, ficando assim os negros sem qualquer tipo de política governamental, até os dias atuais; no momento em que os negros poderiam ser absorvidos para a sociedade brasileira, as elites preferiram investir na imigração de europeus e em menor escala asiáticos talvez até mais desqualificados que os negros brasileiros, e tendo esses imigrantes ascensão mais fácil na vida social na vida social, que os negros em todos esses anos de vivencia na terra tupiniquim.
Enfim, numa análise quantitativa dos dados obtidos sobre a situação do negro nas universidades do Brasil, é possível se tirar conclusões qualitativas a respeito do racismo existente não só nas instituições de ensino superior mas também na sociedade brasileira como um todo. Para se ter uma idéia, e se for feita uma reflexão sobre o tema, chegamos a conclusão de que o Brasil no ritmo que se encontra, levará um pouco mais de meio século para seus negros alcançarem a escolaridade que tinha os negros sul-africanos no ano em que terminou o apartheid.

Bibliografia: Inclusão Etnica e Racial no Brasil - José Jorge de Carvalho

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