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quarta-feira, 4 de março de 2009

Presidente do Supremo se utiliza do cargopara criminalizar os movimentos sociais

As organizações, redes e movimentos sociais abaixo assinados se juntam aos diversos órgãos, entidades, fóruns, políticos e juristas que manifestaram repúdio irrestrito às últimas declarações do presidente do Supremo Tribunal Federal sobre a luta pela reforma agrária e os conflitos no campo. A fala de Gilmar Mendes lamentavelmente inflamou nas manchetes e no debate político a campanha de criminalização dos movimentos sociais que há tempos organizações da sociedade civil denunciam.

 

A luta pela reforma agrária decorre da histórica concentração fundiária do nosso país e da ausência de vigorosas políticas públicas que garantam o acesso à terra. A postura do ministro do Supremo e a cobertura tendenciosa de parte da imprensa evidenciam a parcialidade de  setores poderosos na abordagem dessa questão. Ao insinuar que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é uma organização criminosa e acusar ilicitudes no financiamento para projetos de promoção da reforma agrária, o ministro e a mídia silenciam sobre a formação de milícias organizadas por ruralistas e os repasses bilionários do governo federal para o agronegócio.

 

O presidente do STF jamais veio a público comentar as graves violações de direitos a que são submetidos os trabalhadores e as lideranças sociais no campo. Segundo informações da publicação Conflitos no Campo – Brasil 2007, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), durante o período de 1998 a 2007 foram assassinados pelo menos 363 trabalhadores rurais em conflitos de terras. Mais recentemente, o Ministério Público do Rio Grande do Sul e o governo estadual de Yeda Crusius fecharam escolas itinerantes que atendiam cerca de 600 crianças em acampamentos do MST.

 

Os movimentos sociais cumprem um papel importante na democratização do país e na luta pela efetivação dos direitos humanos. Por outro lado, a atuação política tendenciosa daquele que deveria se isentar para a proteção correta e equilibrada de nossa Constituição fere a independência do Judiciário e osprincípios básicos do Estado Democrático de Direito.


Assessoria Jurídica Popular Mariana Criola 

Coletivo Soylocoporti

Dignitatis Assessoria Técnica Popular

FENDH - Fórum de Entidades Nacionais de Direitos Humanos

GAJOP - Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares

IDDH - Instituto de Defensores de Direitos Humanos 

Justiça Global

Plataforma DhESCA Brasil

quarta-feira, 30 de julho de 2008

segunda-feira, 14 de julho de 2008

PEDIDO DE AJUDA URGENTE

Amig@s,

UMA TRAGÉDIA OCORREU, no último dia 11/07, em Rondônia. Um ônibus que conduzia militantes dos Movimentos Populares e de entidades colidiu contra um caminhão de combustível, com o choque e explosão, morreram 14 pessoas, dentre elas 04 militantes do MAB, que estavam diretamente empenhados em articular e organizar a luta contra os projetos das hidrelétricas no Rio Madeira, e os demais companheiros de outros movimentos e entidades (CPT, MTD, MST...). Os sobreviventes estão hospitalizados e temos várias pessoas gravemente feridas ainda com riscos de vida.

A SITUAÇÃO É MUITO GRAVE, tanto que dos 14 mortos- carbonizados – até o momento só foi possível reconhecer um dos nossos companheiros, os demais (13) estão irreconhecíveis ainda no IML.

DOS FERIDOS, a maioria com fraturas e queimaduras graves, estão agora sendo transferidos para Hospitais Públicos, pois no início foram internados onde era possível, e a maioria foi para Hospitais Particulares na cidade de JI Paraná, gerando gastos extraordinários.

AS FAMÍLIAS, na maioria muito pobres – atingidos por barragens, sem terra, desempregados – também de forma solidária, tentam se juntar neste momento de pesar e muitos sequer têm recursos para alimentar-se ou para se deslocar para atender os feridos ou os mortos ainda não reconhecidos.

DIANTE DESTA SITUAÇÃO, extremamente entristecedora para todos nós que tivemos vários companheiros militantes mortos e feridos, estamos pedindo uma AJUDA SOLIDÁRIA, pessoal ou de entidades.

A FORMA de ajuda que visualizamos neste momento é pedir a todos que enviem para a conta do nossa companheira da Coordenação do MAB Tânia Vieira Leite, Banco do Brasil Agência 3181-x, Conta Poupança 20.045-x, qualquer contribuição financeira para que as lideranças possam se locomover e encaminhar os procedimentos necessários, bem como amparar da melhor maneira possível os familiares das vitimas(feridos e mortos).

Abraços, e esperamos contar com a ajuda de TOD@S ,

Luiz Dalla Costa, Marco Antonio Trierveiler e Leonardo Maggi..

P/ Coordenação Nacional do MAB.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

DA CRIMINALIZAÇÃO À CORRUPÇÃO

A deslegitimação da política e o estranhamento do mundo

A criminalização dos movimentos sociais opera um movimento de deslegitimação dos sujeitos coletivos. Ao chamar o MST de criminoso, está-se a dizer que sua atividade, ou pior, o seu ser coincide com um crime. O reconhecimento do direito à terra como um direito humano e a reforma agrária deixam de ser propostas políticas para se tornarem associações à criminalidade. A análise é de Roberto Efrem Filho.

Por Roberto Efrem Filho*

Os últimos acontecimentos no Rio Grande do Sul, envolvendo tanto as relações entre o Ministério Público e o MST, como aquelas entre os movimentos sociais e o Governo Yeda Crusius, expressam dois fenômenos cuja raiz histórica é a mesma: a marginalização da política no próprio debate político e a imposição do crime como seu cerne. Se, de um lado, a criminalização dos movimentos sociais agride as pautas da esquerda, do outro, permitir que a corrupção se torne um tema central para a esquerda pode reproduzir nela uma postura punitiva repleta de contradições. Explico.

Nas faculdades de direito, o crime é habitualmente definido como um fato típico, antijurídico e culpável. Sigamos por partes, mesmo que superficialmente. "Típico" é o comportamento que se amolda ao tipo penal, ou seja, ao que está legalmente previsto como crime. Todo fato típico se presume "antijurídico", o que significa ser ele uma conduta contrária ao ordenamento jurídico. É possível, no entanto, que o fato seja típico, mas não antijurídico. É, por exemplo, o que acontece na legítima defesa, em que o sujeito comete o ato típico movido por um motivo tal capaz de eliminar a antijuridicidade. Por fim, o "culpável" se refere ao juízo de censura sobre a manifestação da vontade do autor de um fato típico e antijurídico. Em outras palavras: a um adolescente de 15 anos não pode recair a responsabilidade que se atribuiria a alguém adulto.

O que nas faculdades de direito não se costuma pronunciar – e que também não consta nos códigos – é que o crime, além de ser um fato típico, antijurídico e culpável (coisa que só faz realmente sentido pra jurista) é algo classista, racista e machista. Está em sua historicidade a defesa do patrimônio e, conseqüentemente, de quem o detém. Verifica-se com facilidade a enorme quantidade de normas protetoras da propriedade presentes no Código Penal. A relevância garantida pelo ordenamento a essas normas se torna ainda mais evidente quando as comparamos às normas protetoras do direito à vida. As penas daquelas são as mesmas destas, senão maiores. Ao ato de furtar um veículo em Pernambuco e levá-lo para a Paraíba (Art. 155, §4º do CP) pode-se aplicar uma pena superior a do ato de matar alguém (Art. 121 do CP).

Percorre o senso comum a afirmação segundo a qual "só quem vai para a cadeia é pobre e preto". A não ser que se admita o pressuposto - silencioso, mas eficaz - de que as pessoas negras e pobres são "naturalmente mais desonestas", há de se notar a quem o direito penal se dirige diretamente. O crime, portanto, pode até ser um fato típico jurídico e culpável, entretanto, bem provavelmente, só será mesmo tudo isso se for ele impingido contra alguém pobre, negro e homem. Sim, "homem", dado ser ao homem, notadamente ao homem jovem, que o modelo de masculinidade hegemônica dita o exercício da violência.

Pois bem. É diante desse "crime" que o Estado pratica aquilo o direito chama de violência legítima: a polícia prende. De fato, a polícia bate, tortura, prende e, inúmeras outras vezes, tortura, mas ficarei só com o "prende" para considerar de antemão a lei. Esta, por sua vez, deve ser aplicada pelo Poder Judiciário de forma imparcial no julgamento do fato. Tal "imparcialidade" teria o condão de afastar a política e os valores. Segundo a tradição jurídica, relevantes são o fato e o direito, nada mais. É exatamente aqui que eu gostaria de chegar.

A criminalização dos movimentos sociais opera um movimento de deslegitimação dos sujeitos coletivos. Ao chamar o MST de criminoso, está-se a dizer que sua atividade, ou pior, o seu ser coincide com um crime. Crime, sendo típico, antijurídico e culpável, deve ser julgado com "imparcialidade" pelo Judiciário. Se o MST é caso de polícia e de "Justiça", definitivamente não é possível tê-lo como um agente político legítimo, cuja expressão deve ser respeitada. Fechado está o ciclo, desse modo: o MST vai preso e, a partir daí, a democracia se realiza saudavelmente. É de se notar ademais que a criminalização do MST vai além do Movimento, atingindo sobremaneira suas causas e reivindicações. O reconhecimento do direito à terra como um direito humano e a reforma agrária deixam de ser propostas políticas para se tornarem associações à criminalidade.

Algo análogo se dá com a corrupção. Os meios de comunicação de massa têm trazido à tona escândalos atrás de escândalos. São cartões e dossiês, sanguessugas e mensaleiros. A corrupção ocupa manchetes e primeiras páginas. Aqui, no entanto, mais do que deslegitimar certos sujeitos coletivos, movimentos sociais ou partidos políticos, fere-se a esfera política como um todo: "política é coisa de ladrão". O resultado é a desesperança: "este país não tem jeito". Isso, ao tempo em que se espera do Poder Judiciário imparcial que cumpra ele sua função de punir os responsáveis pelos fatos denunciados pela mídia imparcial. Novamente, fecha-se o ciclo.

É certo que a ficção da imparcialidade cumpre nesse processo seu papel. Ela despolitiza o Judiciário e também a mídia, permitindo que eles colaborem com a despolitização dos movimentos e da própria política, ambos anulados como caminhos para a transformação do mundo. Reproduz-se daí um estranhamento, restando inviabilizada qualquer alternativa ao estabelecido. Na criminalização dos movimentos isso é latente. Cala-se a voz do outro, nega-se a alteridade, o dissenso, presume-se o consenso, o inevitável, o natural.

Basicamente, embora eu reconheça os limites deste breve texto, é no contexto descrito acima em que reside o perigo de a esquerda se utilizar de "escândalos" – os do Governo de Yeda Crusius, por exemplo – como bandeiras suas para revidar a criminalização por ela historicamente sofrida. Por mais que as denúncias dos crimes cumpram uma função de desmistificação da imagem "pura e ética" usualmente atribuída a certos partidos, como o da Governadora em questão, não devem ser elas o centro do debate. De outra forma, repetir-se-ia e respaldar-se-ia pelas mãos da esquerda a despolitização tradicionalmente conduzida pelas classes dominantes, responsável pela criminalização não só do MST, mas da luta, da classe trabalhadora, da práxis libertadora e – sem dúvida – do sonho.

*Roberto Efrem Filho é mestrando em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

CCLF promove diálogos entre a mídia e os movimentos sociais


Com a proposta de contribuir com o diálogo entre jornalistas e movimentos sociais, o Centro de Cultura Luiz Freire (http://www.cclf.org.br/) lança o ciclo de debates Rodas de Diálogo – Mídia e Movimentos Sociais, como atividade complementar do projeto OmbudsPE (http://www.ombudspe.org.br/) que comemora quatro anos de atuação neste mês de junho. A entidade irá promover mensalmente debates sobre a cobertura da imprensa pernambucana, que contará com a participação de jornalistas que atuam na mídia e representantes de movimentos sociais. A cada mês, o debate terá uma temática diferente. A iniciativa conta com apoio da Fundação Ford.
A primeira Roda de Diálogo acontece no dia 27 de junho, a partir das 18h, na sede da instituição em Olinda, e irá abordar a cobertura sobre os povos indígenas em Pernambuco. Já estão confirmadas as presenças da jornalista Cleide Alves, do Jornal do Commercio (JC), e do Cacique Marcos Xukuru.
Cleide Alves é repórter da editoria de Cidades, do JC. A jornalista foi uma das responsáveis, junto à Verônica Almeida e Hélia Scheppa, pela reportagem especial Povos Indígenas de Pernambuco, publicada em abril pelo jornal. Marcos Luidson de Araújo é líder do Povo Xukuru, que ocupa uma área de 27.555 hectares no município de Pesqueira, Agreste do Estado. Marcos assumiu o cacicado em 2000, aos 21 anos de idade, depois que o seu pai, Cacique Xicão, foi assassinado. Assim como ele, Marcos Xukuru se destaca como articulador dos povos indígenas, representando várias nações na Comissão Nacional de Políticas Indiginista.
O objetivo das Rodas de Diálogo é aproximar os sujeitos envolvidos (mídia e movimentos sociais) e as suas diversas realidades, e conseqüentemente promover os direitos humanos na opinião pública. No próximo mês, o debate será sobre a mulher na mídia. O CCLF está aberto para sugestões de temas através do email comunicacao@cclf.org.br.
O projeto do CCLF, OmbudsPE (http://www.ombudspe.org.br/), é desenvolvido desde junho de 2004. Através de blog na Internet, o CCLF publica análises sobre a imprensa pernambucana, provocando discussões sobre a abordagem dos direitos humanos nos jornais pernambucanos, política de comunicação nacional e a sua relação com a realidade local.
A metodologia de trabalho é a análise de conteúdo comparativa, amparada nas convenções de direitos humanos. A proposta do OmbudsPE é ser um fórum democrático de discussão aberto para comentários e
opiniões, que visa contribuir com o tratamento dado aos direitos humanos pelos veículos de comunicação do Estado. Durante um ano, o OmbudsPE teve espaço também na TV através de bloco semanal do programa Sopa Diário, da TVU, na época produzido pela produtora do CCLF - TV Viva - em parceria com a Remo Produções.
Serviço
Rodas de Diálogos – Mídia e Movimentos Sociais
Tema: Mídia e Movimento Indígena
Data: 27 de junho, às 18h
Local: CCLF – Rua 27 de janeiro, 181, Carmo, Olinda. (próximo à sede da Pitombeira).
Entrada gratuita: Não é necessário fazer inscrição.
Informações: 3301-5241 / rosario@cclf.org.br
Contatos para entrevista
Rosário de Pompéia: 81 9959-1357
Ivan Moraes Filho: 81 91734253
Assessoria de Comunicação do CCLF
Flora Noberto: 81 3301-5217 / 9282-5443 / flora@cclf.org.br

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Pesquisa sobre movimentos chega a resultados cotraditórios

O jornal /O Globo/ divulgou reportagem de Soraya Aggege, no domingo(15/06), com o resultado de pesquisa de opinião sobre os movimentossociais do campo - MST, Via Campesina, MAB (Movimentos dos Atingidos porBarragens), movimentos de quilombolas e CPT (Comissão Pastoral da Terra). A pesquisa realizada pelo Ibope foi encomendada pela empresa mineradoraVale, que é alvo de protestos dos movimentos sociais, em função dosimpactos sociais negativos causados causados por sua atuação nos estadosde Minas Gerais, Pará, Maranhão e Rio de Janeiro. A pesquisa aponta que 46% são favoráveis ao MST, enquanto 50% sãodesfavoráveis. Entre as palavras que descrevem o MST, 27% é ?coragem?,24%, Reforma Agrária; 21%, organização da sociedade; e 21%, justiça e21%, igualdade social. 65% dos entrevistados manifestaram afinidade como MST, embora 31% tenham declarado não concordar com o Movimento. Aomesmo tempo, 45% dos pesquisados associam MST à violência, 61% aprejuízos à economia e 28% não concordam com seus objetivos. Mas além disso, a pesquisa mostra que 40% acreditam que os fazendeirosnão aceitam negociação com os Sem Terra e reajem às ocupações utilizandométodos próprios (com a ação de jagunços, pistoleiros e outros), semamparo judicial. Dos entrevistados pela pesquisa, 90% afirmam receber informações sobreos movimentos sociais por meio da televisão, outros 34% pelos jornais;24% por rádio; 18% pela internet; 8% por revista. "*A pesquisa demonstra apoio da sociedade e do povo brasileiro ao MST,com 46% de aprovação à nossa luta. No entanto, a pesquisa apresentaresultados contraditórios, que atestam o bombardeio de notícias ecaracterizações distorcidas dos movimentos sociais pela mídia. Logo, apesquisa serve muito mais para condenar a mídia pela cobertura limitadae parcial do que a atuação dos movimentos sociais do nosso país", afirmanota do MST.*As entrevistas com 2.100 pessoas maiores de 16 anos, em metrópoles,cidades e regiões do interior de vários estados, foram feitas entre 26de abril e 6 de maio deste ano. "A pesquisa acaba por revelar um nível elevado de afinidade efavorabilidade da população para com os movimentos sociais ainda maisrelevantes quando se consideram as circunstâncias desfavoráveis que têmpara se fazerem conhecidos", analisa o professor Carlos WalterPorto-Gonçalves, doutor em geografia pela UFRJ (Universidade Federal doRio de Janeiro) é professor da pós-graduação da UFF (UniversidadeFederal Fluminense). *A seguir, leia na íntegra a análise do professor Carlos WalterPorto-Gonçalves sobre a pesquisa:* "A pesquisa Ibope para a empresa Vale do Rio Doce deve ser entendida nocontexto político em que foi feita. A própria pesquisa faz parte daslutas sociais em que está inserida e tem o objetivo de fornecerinformações para que o setor empresarial, no caso representado pelaVale, estabeleça estratégias políticas em face do crescimento dosmovimentos sociais no país. Nesse sentido, a pesquisa parece se justificar posto que "81% dosentrevistados acham que os movimentos sociais estão se espalhando nopaís" e "69% acham que estão ganhando força" (Pesquisa Ibope/Vale). Porse tratar de uma pesquisa não sobre os movimentos sociais, mas sim sobreo conhecimento que a população tem sobre os movimentos sociais, aanálise dos seus resultados carece de uma investigação mais criteriosasobre qual a fonte de informação que os entrevistados têm sobre osmovimentos sociais. À exceção do MST, que "22% da população conhece bem e 75% conhecepouco", a opinião sobre os demais movimentos sociais pesquisados diz que"79% nunca ouviram falar da Via Campesina" e "83% nunca ouviram falar daCPT - Comissão Pastoral da Terra". Tudo indica que a fonte de informação dos entrevistados não são ospróprios movimentos sociais, mas sim os grandes meios de comunicação.Esses meios aparecem com grande destaque entre as instituições de maisconfiança entre os entrevistados: nas metrópoles, é a 2ª instituição demaior confiança (67%), perdendo para as Forças Armadas (68%) e, nointerior, só é a 1ª no interior de Minas Gerais (82%); em Imperatriz(MA) os meios de comunicação perdem para a Igreja Católica (80%), paraas Forças Armadas (78%) e para as Igrejas Evangélicas (77%) e, emCricaré (CE) perde para a Igreja Católica (84%). Sendo os meios de comunicação a maior fonte de informação dosentrevistados sobre os movimentos sociais, é interessante saber que 65%dos entrevistados tenham manifestado Afinidade com o MST e 53% com osQuilombolas, ainda que 31% tenham declarado não concordar com o MST e34% com os Quilombolas. Dentre os entrevistados 46% se declararam favoráveis ao MST e 60% aoMovimento de Atingidos por Barragens - MAB. Esses dados sãointeressantes na medida em que o conhecimento que os entrevistados têmsobre os movimentos não tem como fonte os próprios movimentos sociais. Aliás, a pesquisa acaba por revelar dados preocupantes sobre a coberturade nossa imprensa com relação aos movimentos sociais, haja vista quemesmo sobre o MST, de longe o movimento mais conhecido, 75% dosentrevistados declararam "conhecer pouco".
Considerando-se que os movimentos sociais cumprem um papel importante de canalização dedemandas sociais não institucionalizadas, esses dados nos dizem muito docaráter extremamente oficial da cobertura da imprensa onde, quasesempre, os movimentos sociais ou são olvidados ou são apresentados demodo desqualificado e como ameaça à ordem social, muitas vezesdesrespeitando a boa norma jornalística de ouvir o outro lado. O MST tem sido o mais visado e a pesquisa capta esse imaginário quandoos entrevistados associam esse movimento à palavra Violência, a maisdestacada com 45%, à palavra Manipulação, com 24%, a Radicalismo com 20%e com Ilegalidade, também com 19%. Todavia, registre-se que osentrevistados associam o MST a palavras positivas como: Coragem 27%;Reforma Agrária 24%; Organização 21%; Justiça 21%; Igualdade Social 21%e Liderança com 21%.
Sendo assim, a pesquisa acaba por revelar um nívelelevado de afinidade e favorabilidade da população para com osmovimentos sociais ainda mais relevantes quando se consideram ascircunstâncias desfavoráveis que têm para se fazerem conhecidos".

domingo, 15 de junho de 2008

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