Página inicial

Mostrando postagens com marcador movimento de negros. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador movimento de negros. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Valorização da cultura afro

Comunidades quilombolas de Garanhuns estão sendo beneficiadas por projetos que geram emprego e renda


As comunidades quilombolas de Castainho e Tigre, que vivem em Garanhuns, têm se beneficiado de projetos nas áreas sócio-educativas e que propiciam a geração de emprego e renda. Os trabalhos são desenvolvidos pela Secretaria Municipal de Assistência Social em parceria com o Sesc. O primeiro deles, chamado de Xirê, é destinado a adolescentes do Castainho, que formaram o grupo Quilombo Axé/Sesc. Em meio às atividades, os integrantes participam de oficinas de pesquisa, divulgação e valorização da cultura afro-brasileira, além de noções sobre a língua yorubá (dialeto africano).

Mais de 20 jovens assistem ainda a aulas de dança, percussão, canto e interpretação – uma forma de se prepararem para apresentações em eventos, como o Festival de Inverno, que termina hoje. Com o espetáculo Orun Ayê, palavras que significam o céu e a terra na mitologia dos orixás, histórias são contadas através de cânticos em yorubá.

O próximo passo dos adolescentes é participar de festejos no dia 16 de agosto, em Bom Conselho, e do festival Na onda da dança, que acontece em Jaboatão dos Guararapes, no Sesc Piedade, em novembro. “O Quilombo Axé surgiu há cinco anos, mas o Sesc o adotou para profissionalizar as ações do grupo. Resgatamos sua cultura e desmistificamos pensamentos errôneos sobre a religiosidade africana”, informou Josimar Araújo, técnico em danças da unidade Sesc Garanhuns.

Na Comunidade do Sítio Tigre, 23 mulheres de todas as idades se associaram à oficina Moda afro-brasileira – A descoberta da identidade.

De acordo com a coordenadora do Centro de Referência de Assistência Social Quilombola em Garanhuns, Thaysa Vilanova, o resultado da oficina será exibido até este domingo, durante o Festival de Inverno de Garanhuns (FIG). Em seguida, todo o artesanato confeccionado por elas será exibido em exposições, galerias, grandes feiras do segmento e na Casa do Artesão, no Centro da Cidade. “Nosso intuito é inserir o artesanato quilombola, que é cheio de inovações e peculiaridades, no mercado dos negócios. Já estamos tentando aumentar a produção”, disse Thaysa.

Primeiro, as artesãs são levadas ao conhecimento de suas origens. “A partir de sua identidade, fortalecerem o que produzirem”, enfatiza a coordenadora. As peças são únicas, pintadas e bordadas à mão, com etiquetas exclusivas, que contam lendas quilombolas. Maria Betânia dos Santos, 29 anos, está bastante satisfeita com a nova experiência. “É muito bom ver os primeiros resultados de nosso trabalho, ver as pessoas comprando as peças que fazemos. Também é uma forma de conhecermos melhor nossa cultura, nossa história, pois pesquisamos antes de iniciar a produção”, descreveu.

Em Garanhuns estão situadas seis comunidades quilombolas, que reúnem cerca de mil famílias. No Agreste, é a cidade com a maior concentração desta etnia, segundo o Centro de Referência.

terça-feira, 24 de junho de 2008

INCLUSÃO ÉTNICA E RACIAL NO BRASIL



A questão das cotas no ensino superior

Por Thiago Ladislau

O texto de José Jorge de Carvalho – Inclusão Étnica e Racial no Brasil, que trata da questão das cotas no Ensino Superior, mostra o grau de racismo existente no Brasil. Com foco na participação dos negros, que inclui pretos e pardos, alguns dados vergonhosos são expostos neste trabalho.
A situação dos negros nas Universidades é tão absurda que o debate sobre a presença dos negros no ensino superior começou apenas em 1999, na Universidade de Brasília e só começou a ser disseminada a partir de 2001 na III Conferencia Mundial contra o racismo, realizada na África do Sul. Ainda assim pouco mais de uma dúzia de Universidades Estaduais e Federais implementam alguma modalidade de cotas para negros ou indígenas na graduação.
O racismo brasileiro é tão crônico, abrangente e consistente que se reproduz em todas as áreas da vida social e também no interior da instituição Universitária. Os negros e os índios estão excluídos de todos os postos importantes da nação especialmente porque não é possível alcançar postos importantes do controle e poder do Estado, de produção de riqueza sem ter acesso ao ensino superior. Daí só lhe resta o esporte, as artes performáticas e alguns nichos da indústria cultural, e para o índio menos ainda.
No Brasil os estudantes universitários passaram de um contingente de pouco mais de 50 mil no inicio da década de 60 para chegar atualmente a mais de 1 milhão de matriculados, porem o numero de estudantes brancos nas carreiras de alto prestigio das universidades mais importantes chega a 96% e em alguns casos a 98%. Esta é a mesma porcentagem que existia no ano de 1950: 4% de negros entre os estudantes. Já entre os professores é ainda pior: mais de 99% dos professores das Universidades públicas de presença nacional são brancos, em um pais que os negros representam 47% da população brasileira. Em relação aos índios, até 8 anos atrás, sua exclusão era absoluta.
Diante desse quadro de racismo tão evidente, ou somos coniventes com a sua reprodução, ou nos engajamos em alguma atividade dirigida a combatê-lo.(p.13).
É certo que propor cotas para negros na Universidade não anula a luta pelo ensino básico público, gratuito e de boa qualidade, e com aumento de vagas. Ou seja, a questão não é parar de investir no ensino básico e focar-se apenas no Ensino Superior. Mas é totalmente sem nexo que a luta pelo ensino básico anula a luta pela ascensão do negro nas universidades por medida emergencial, no caso, pelas cotas.
Deve-se ter a noção que o Brasil tem uma divida histórica para com os negros, tanto pela sua exploração e escravização no período colonial, como pelo descaso com os mesmos no fim da escravidão em 1888, ficando assim os negros sem qualquer tipo de política governamental, até os dias atuais; no momento em que os negros poderiam ser absorvidos para a sociedade brasileira, as elites preferiram investir na imigração de europeus e em menor escala asiáticos talvez até mais desqualificados que os negros brasileiros, e tendo esses imigrantes ascensão mais fácil na vida social na vida social, que os negros em todos esses anos de vivencia na terra tupiniquim.
Enfim, numa análise quantitativa dos dados obtidos sobre a situação do negro nas universidades do Brasil, é possível se tirar conclusões qualitativas a respeito do racismo existente não só nas instituições de ensino superior mas também na sociedade brasileira como um todo. Para se ter uma idéia, e se for feita uma reflexão sobre o tema, chegamos a conclusão de que o Brasil no ritmo que se encontra, levará um pouco mais de meio século para seus negros alcançarem a escolaridade que tinha os negros sul-africanos no ano em que terminou o apartheid.

Bibliografia: Inclusão Etnica e Racial no Brasil - José Jorge de Carvalho

sábado, 14 de junho de 2008

Calendário de atividades em Junho na sede do Afoxé Oyá Alaxé:

Amalá de Xangô na Festa de São João, celbração que anualmente realizamos em nosso terreiro há mais de 50 anos. É uma festa tradicional singular e de muita alegria, aberta ao público.

Favor trajar roupa branca ou vermelha.

21 de junho às 16h,

no Terreiro de Mãe Amara.






III Roda de Diálogo Perspectivas da Juventude de Terreiro:A roda ou simplesmente o Xirê, tem um papel fundamental para vivências e práticas da nossa tradição e, a partir de experiências do Afoxé Oyá Alaxé e das Ações Afirmativas promovidas pelo Terreiro de Mãe Amara, iremos fazer um diálogo aberto e propositivo com jovens oriundos de Terreiros das diversas nações. Contudo, no último encontro achamos interessante abrir a roda a outros jovens (que respeitam a nossa cultura) na qualidade de ouvintes. Então, os abùró Omonilê do Terreiro de Mãe Amara e do Afoxé Oyá Alaxé, convidam todos e todas.


Dia 27/06 às 15h No Terreiro de Mãe Amara.


Informações: 81 - 3451-8373 / 9231-0423.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

COTAS:Estimular o debate, subverter o preconceito


O Brasil é um país campeão em desigualdades. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revelam que dos 22 milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha de pobreza, 70% são negros; entre os 53 milhões de pobres do país, 63% são negros. Estudo realizado pelos sociólogos Rosângela e Walter Praxedes, com base na Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio do IBGE, mostra que entre 1992 e 1999, a taxa de analfabetismo teve redução em todos os grupos de cor, mas “entre negros e pardos ainda são quase três vezes maiores do que entre brancos”. Em 1992, 10,6% dos brancos eram analfabetos, 28,7% dos pretos (nomenclatura oficial do IBGE) e 25,2% dos pardos. Em 1999, 8,3% dos brancos, 21% dos pretos e 19,6% dos pardos eram analfabetos.
Atualmente 95% de nossas crianças em idade escolar estão matriculadas no ensino fundamental. No entanto, este significativo avanço de inclusão de alunos matriculados na escola básica não vem acompanhado com a melhora da qualidade do ensino. Pelo contrário, os baixos salários, a não qualificação continuada do corpo docente, as péssimas condições de trabalho e de estudo e a falta de uma política educacional por parte do Estado brasileiro, são fatores desestimulantes ao processo de ensino/aprendizagem que o país necessita. Com isso há uma brutal evasão escolar.
Tanto que apenas 9% dos jovens entre 18 e 24 anos conseguem chegar à universidade, percentagem preocupante se compararmos com outros países da América Latina. Dos alunos matriculados no ensino superior apenas 2% estão estudando em uma instituição pública, o que torna o sistema ainda mais excludente.
Estudos do professor José Jorge de Carvalho, do Departamento de Antropologia da UNB, demonstra um outro lado desta exclusão perversa: 97% dos atuais universitários brasileiros são brancos, contra 2% de negros e 1% de amarelos. O desequilíbrio, num país em que 45% da população é negra, deixa claro que são necessárias medidas urgentes para inserção do negro no ensino superior.
E o que a universidade brasileira tem feito para isso. Muito pouco. Ela tem silenciado diante da tragédia que se abateu sobre o ensino básico público desse país, como também não tem lutado a contento para que as universidades públicas possam expandir e absorver a grande demanda social por vagas.
Neste sistema de exclusão, quem mais perde é o país. Imaginem quantos cientistas, quantos filósofos, quantos historiadores, quantos educadores, quantos médicos ou outros profissionais da saúde que poderiam estar contribuindo com o futuro do Brasil, mas ficaram excluídos em um rincão qualquer do interior ou nos bairros populares das médias e grandes cidades. Ou nós invertemos o foco e giramos nossas lentes para qualificar o ensino fundamental e médio, ou estaremos relegando a esse país um futuro infeliz.
A questão das cotas é uma luz que se coloca neste cenário. E penso que nós avançamos mais ainda quando deslocamos a questão das cotas do viés racial, para o debate das cotas para escola pública, porque incorpora uma dimensão social importante. Sabemos, porém, que as cotas não resolvem o problema. Pois uma universidade que recebe apenas 9% dos alunos em condições de estudar nela, sempre será uma universidade de elite, com cotas ou sem cotas.
O que precisamos é a expansão do sistema, o aumento do número de vagas, ou mais ainda: acabar com o perverso sistema de ingresso chamado vestibular. Como diz o reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Aloisio Teixeira: “enquanto existir o vestibular, vai haver uma barreira intransponível para o povo entrar na universidade”.
É evidente que acabar com o vestibular requer conceber um novo sistema de ensino, rediscutir as relações entre o ensino superior e os níveis fundamental e médio, criando critérios para que os egressos desse níveis possam entrar na universidade independente da sua condição social. Daí que o debate sobre as cotas, seja ela racial ou social, deve ser encarada como uma medida paliativa e temporária, pois a verdadeira inclusão educacional somente virá com a adoção de políticas públicas voltadas para salvar o ensino fundamental e médio e ampla expansão de vagas públicas e gratuitas no ensino superior para os nossos jovens.
As políticas de ação afirmativa vêm sendo implementadas, com sucesso em diversos países. A Índia, após tornar-se independente em 1947, adotou um sistema baseado em cotas, o qual destinou, aos chamados “intocáveis”, cerca de 22,5% das vagas na administração e no ensino públicos. Essa medida tinha como objetivo a correção das desigualdades advindas do sistema de castas e da subordinação da chamada “origem divina”. Na Malásia a etnia bimiputra recebeu tratamento etnicamente diferenciado, com o objetivo de que fosse promovido seu desenvolvimento econômico. Entre 1982 e 1996, aproximadamente 25 países adotaram, de acordo com dados fornecidos pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), intervenções políticas visando a eliminar as discriminações sexual e racial ou implementado mecanismos de discriminação positiva nas relações de trabalho. Nos anos noventa, países como Ilhas Fiji, Malásia, Canadá, Índia e Austrália adotaram políticas de ação afirmativa no combate às desigualdades culturais. Na Europa, é possível encontrá-las, aplicadas às desigualdades de gênero.
No Brasil, o debate sobre cotas também não é novo. Haja vista a determinação de que 30% das vagas para eleições proporcionais sejam ocupadas por mulheres; que o serviço público deva empregar pelo menos 5% de funcionários portadores de deficiências; ou que sejam reservados lugares especiais para idosos em locais e transportes públicos.
Sabemos que o sistema de cotas para negros nas universidades gera polêmica e divide opiniões. Há vários argumentos contra e a favor. Tanta incerteza, no entanto, tem um ponto positivo: a reserva de vagas gera um debate importante sobre o racismo no Brasil, um país onde o preconceito existe, ainda que de forma velada.
Por isso a necessidade do debate. Não precisamos ter medo dessa discussão. Dispamo-nos de nossos preconceitos e aportemos a esse debate a nossa contribuição.
Creative Commons License
Blog da Juventude Socialista Brasileira de Pernambuco by JSB-PE is licensed under a Creative Commons Atribuição 2.5 Brasil License.