As comunidades quilombolas de Castainho e Tigre, que vivem em Garanhuns, têm se beneficiado de projetos nas áreas sócio-educativas e que propiciam a geração de emprego e renda. Os trabalhos são desenvolvidos pela Secretaria Municipal de Assistência Social em parceria com o Sesc. O primeiro deles, chamado de Xirê, é destinado a adolescentes do Castainho, que formaram o grupo Quilombo Axé/Sesc. Em meio às atividades, os integrantes participam de oficinas de pesquisa, divulgação e valorização da cultura afro-brasileira, além de noções sobre a língua yorubá (dialeto africano).
Mais de 20 jovens assistem ainda a aulas de dança, percussão, canto e interpretação – uma forma de se prepararem para apresentações em eventos, como o Festival de Inverno, que termina hoje. Com o espetáculo Orun Ayê, palavras que significam o céu e a terra na mitologia dos orixás, histórias são contadas através de cânticos em yorubá.
O próximo passo dos adolescentes é participar de festejos no dia 16 de agosto, em Bom Conselho, e do festival Na onda da dança, que acontece em Jaboatão dos Guararapes, no Sesc Piedade, em novembro. “O Quilombo Axé surgiu há cinco anos, mas o Sesc o adotou para profissionalizar as ações do grupo. Resgatamos sua cultura e desmistificamos pensamentos errôneos sobre a religiosidade africana”, informou Josimar Araújo, técnico em danças da unidade Sesc Garanhuns.
Na Comunidade do Sítio Tigre, 23 mulheres de todas as idades se associaram à oficina Moda afro-brasileira – A descoberta da identidade.
De acordo com a coordenadora do Centro de Referência de Assistência Social Quilombola em Garanhuns, Thaysa Vilanova, o resultado da oficina será exibido até este domingo, durante o Festival de Inverno de Garanhuns (FIG). Em seguida, todo o artesanato confeccionado por elas será exibido em exposições, galerias, grandes feiras do segmento e na Casa do Artesão, no Centro da Cidade. “Nosso intuito é inserir o artesanato quilombola, que é cheio de inovações e peculiaridades, no mercado dos negócios. Já estamos tentando aumentar a produção”, disse Thaysa.
Primeiro, as artesãs são levadas ao conhecimento de suas origens. “A partir de sua identidade, fortalecerem o que produzirem”, enfatiza a coordenadora. As peças são únicas, pintadas e bordadas à mão, com etiquetas exclusivas, que contam lendas quilombolas. Maria Betânia dos Santos, 29 anos, está bastante satisfeita com a nova experiência. “É muito bom ver os primeiros resultados de nosso trabalho, ver as pessoas comprando as peças que fazemos. Também é uma forma de conhecermos melhor nossa cultura, nossa história, pois pesquisamos antes de iniciar a produção”, descreveu.
Em Garanhuns estão situadas seis comunidades quilombolas, que reúnem cerca de mil famílias. No Agreste, é a cidade com a maior concentração desta etnia, segundo o Centro de Referência.
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