Segundo o TSE, serão mais de 3 milhões de eleitores com 16 e 17 anos, quase um milhão a mais do que no pleito de 2002
O número de jovens com 16 e 17 anos que tirou título eleitoral para esta eleição geral é recorde. Segundo estatística do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), serão mais de 3 milhões de eleitores nesta faixa etária, quase um milhão a mais do que no pleito de 2002.
O número total de eleitores subiu 10% - de 115 milhões, em 2002, para quase 126 milhões este ano. Já o número de eleitores com menos de 18 anos pulou de 2,2 milhões para 3,2 milhões: um aumento de 45%.
O voto aos 16 anos não é obrigatório e foi permitido a partir da Constituição de 1988. A quantidade de jovens que tiram o título tem variado de um ano para outro. No pleito geral de 1994, por exemplo, 31% dos jovens menores de idade tiraram o título de eleitor. Já nas eleições de 1998, o número caiu para 26%, voltando a subir em 2002, quando novamente atingiu 31%, até chegar aos atuais 43%.
“Isto reflete o engajamento da juventude no processo político eleitoral, mas com uma visão estratégica, para defender objetivos concretos, como busca por emprego e contra a violência”, considera o cientista político Antônio Testa, da Universidade de Brasília (UnB).
O professor da UnB diz que para atingir estes eleitores, os partidos terão de usar linguagem e canais de comunicação diferentes dos habituais “Ao contrário do que muitos dizem, eles não são alienados. São multimídia e desenvolvem um tipo de conhecimento menos profundo, porém mais abrangente. Já dão opinião sobre tudo e têm a capacidade de disseminar as informações em uma velocidade muito grande, usando sites de relacionamento”, afirmou Testa.
Para o cientista político, os partidos terão de se reestruturar para atingir o jovem eleitor. “Os partidos terão de atender essas demandas, sob pena de perder estes eleitores, que passam a ser decisivos. São minorias que ganham voz ativa e podem desequilibrar o jogo”. “Resta saber se esses jovens, além de votar, também vão acompanhar o candidato eleito. Será que vão construir uma nova cidadania multimídia?”, completa.
Ainda de acordo com os números do TSE, o percentual de jovens eleitores varia segundo o tipo de eleição. Nos pleitos municipais, o índice de participação de menores de idade é sempre maior do que nas eleições estaduais e para presidente da República. Nas quatro eleições municipais realizadas desde 1992, a média percentual de jovens nesta faixa com título é de 45%, contra uma média de 33% nas quatro eleições gerais, incluindo a deste ano.
O ponto máximo foi atingido nas eleições municipais de 2004, quando 51% dos jovens entre 16 e 17 anos tinham título. O ponto mínimo corresponde às eleições gerais de 1998, quando apensa 26% estava apto a votar.
Em termos regionais, o nordeste aparece sempre acima da região Sudeste e da média nacional em termos de participação de eleitores menores de idade. A média percentual dos aptos a votar em relação ao universo de jovens na região, em todas as eleições, a partir de 1992, é de 46%. Já no Sudeste, o índice é de 32%, enquanto que no país, a média é de 40%.
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