Pesquisa revela que diminuiu o número de assentamentos irregulares e cortiços, mas aumentou a quantidade de moradores de favelas
Por Paloma Oliveto do Correio Braziliense
Brasília - A condição de moradia do brasileiro não acompanhou o aumento da renda registrado entre 2005 e 2007. Apesar do incremento de 10,2% nos rendimentos, 54,6 milhões de pessoas ainda moram em condições precárias, o que corresponde a 34,5% da população urbana do país. O número de cortiços e assentamentos irregulares diminuiu em comparação a 1992, mas, em compensação, a quantidade de moradores de favelas passou de 4,9 milhões para 7 milhões no período, concentrados, principalmente nas regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Com isso, o Brasil corre o risco de não alcançar a meta do milênio - compromisso firmado com a Organização das Nações Unidas - referente a habitação.
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De acordo com o documento da ONU, o Brasil deve reduzir em 50% o número de moradores de habitações precárias até 2020. "A política de moradia não está conseguindo reduzir esse problema e, dependendo da metologia utilizada, a meta do milênio da habitação não será cumprida", afirmoua pesquisadora Maria da Piedade Morais, que apresentou ontem a análise do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2007.
O Ipea indicou outras questões que emperram a melhoria das habitações brasileiras. A partir dos dados da Pnad, os pesquisadores concluíram que cerca de 8% da população urbana sofre com o adensamento excessivo, quando mais de três pessoas ocupam um cômodo que serve de dormitório. Outro indicador que piorou significativamente desde 1992 foi o ônus do aluguel. Naquele ano, o número médio de pessoas que diziam comprometer muito a renda mensal com o arrendamento era 1,7. Em 2007, subiu para 3,4. Entre as metrópoles, o Distrito Federal lidera o ranking: são 6,88 habitantes reclamando do preço do aluguel.
Saneamento - Se as condições de habitação estão longe do ideal no Brasil, o acesso aos serviços de saneamento básico teve um crescimento considerado substancial pelo estudo do Ipea, em relação a 1992. A água canalizada está disponível em 91,3% dos domicílios urbanos e, só no último ano, foi possível levá-la para quase 2,2 milhões de brasileiros, sendo 2 milhões moradores das cidades e 198 mil da zona rural.
Com isso, o país já atingiu a meta do milênio referente à água potável. "Temos de levar em conta, no entanto, que as médias nacionais podem mascarar a existência de importantes desigualdades regionais e sociais", alerta o estudo. "Os números da Pnad de 2007 mostram que ainda persistem elevadas desigualdades regionais". A pesquisadora Maria da Piedade Morais afirmou que, ainda assim, é possível observar uma tentativa de redução das desigualdades. Entre 2006 e 2007, o maior incremento absoluto no número de pessoas com acesso à água potável foi notado no Nordeste.
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