segunda-feira, 28 de julho de 2008
Afoxé Oyá Alaxé lança primeiro CD solo no 18º Festival de Inverno de Garanhuns, PE
Com intuito de difundir a cultura da Nação de matriz africana Nagô-Iorubá e o trabalho de resistência dos Afoxés Pernambucanos, o Afoxé Oyá Alaxé lançará seu primeiro CD solo também no 18º Festival de Inverno de Garanhuns, que entre os dias 17 e 26 de julho, realiza o 18º Festival de Inverno. A cidade, que fica a 235 Km do Recife, destino certo para aqueles que adoram frio e não dispensam um bom vinho regado a fondue terão 10 dias de festa com atrações musicais, vários pólos e a maior diversidade cultural já vista num Festival. Mas não é apenas a programação de shows que chama a atenção dos visitantes: o Afoxé Oyá Alaxé irá se apresentar no 18º Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), lançando seu primeiro CD solo, Afoxé Oyá Alaxé: Ação Afirmativa do Povo do Axé, em show a ser realizado no salão de eventos do Sesc, no dia 20, às 13h30. Além dessa apresentação o grupo fará um cortejo pelas ruas de Garanhuns, no dia 21, a partir das 15h. Intitulado Afoxé Oyá Alaxé: Ação Afirmativa do Povo do Axé, o disco é uma produção totalmente independente do grupo cultural. Trazendo a força dos orixás e a magia do axé contida na cadência Ijexá, ritmo principal dos afoxés, o CD contou com o apoio e a pré-produção de um grupo de amigos e admiradores da cultura negra, a exemplo do sonoplasta Alfredo Bello, produtor do selo independente Mundo Melhor. As fotos do encarte são de Luca Barreto e Tiago Pelado. A arte é do designer gráfico Sebba Cavalcanti e os textos do antropólogo Ernesto Carvalho. Oriundo do Terreiro Ilê Obá Aganjú Okoloyá (Casa do Rei Xangô, marido de Oyá), no Bairro de Dois Unidos, em Recife, o Afoxé Oyá Alaxé tem a proposta de cultuar, enaltecer e difundir, através da música, da dança, figurinos e jóias do axé, os elementos que reafirmam a secular tradição religiosa da Nação Nagô de Pernambuco, uma das mais antigas nações de origem africana estabelecidas no Brasil e nas Américas. O nome do grupo se refere a uma evocação à divindade Oyá (Yansã) que significa: Oyá a senhora do Axé, a possuidora do Axé. A iniciativa de criar um afoxé se deu da necessidade de apresentar ao público não só o cortejo afro-descendente, mas também um espetáculo de palco com fidelidade na representação dos símbolos e signos do povo de candomblé. Afoxé, para alguns estudiosos significa “Bloco Carnavalesco”, “Cortejo Afro” ou “Candomblé de Rua”, mas para o grupo de afro-descendentes do Afoxé Oyá Alaxé tem um significado muito maior. A palavra é de origem nagô vem da junção de Ofó - uma magia, um som ou palavra de força e Axé –, a energia vital. Logo Afoxé é uma manifestação de muita energia, magia e força. O grupo faz jus às suas raízes ancestrais e ao legado material e imaterial do povo Nagô, mantido vivo com muita resistência. Com intensa produção musical (tendo várias canções próprias), o Afoxé Oyá Alaxé, em apenas quatro anos, completados em dez de abril de 2008, já lançou um CD demo, Cantos e Encantos (com seis músicas) e participou da gravação do CD Terça Negra Especial, Afoxés de Pernambuco.Além da sua intensa programação de apresentações em shows, o Afoxé Oyá Alaxé realiza desde outubro de 2006 a oficina "Afoxé o poder da palavra negra" e dispõe, através do terreiro Ilê Obá Aganjú Okoloyá, sede do grupo, um substancial espaço físico para desenvolver suas atividades culturais e educadoras. Outro significativo evento anual do Oyá Alaxé é o Ensaio Aberto – circulando cultura – seqüência de ensaios dominicais nos meses que antecedem o carnaval – com a proposta de apresentar e difundir, em espaços públicos do centro da cidade, a cultura proveniente do seu terreiro de candomblé. Em seu grupo de palco, o Afoxé Oyá Alaxé é formado por 25 integrantes, com faixa etária de 18 a 38 anos, muitos dos quais com formação musical profissional e larga experiência em grupos musicais da cultura popular pernambucana. No Carnaval, o afoxé sai em cortejo pelas ruas do Recife com aproximadamente 240 componentes. Apesar das dificuldades inerentes aos integrantes das comunidades de terreiros de candomblé, o Afoxé Oyá Alaxé consegue reunir um grupo homogêneo, capacitado e com significativa inserção social, de modo que todas as suas ações, desde a composição e desenvolvimento do figurino, até a produção musical primam pela extrema qualidade.
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