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terça-feira, 10 de junho de 2008

Avaliação do processo de Conferências Nacionais






A diversidade se fez presente na primeira conferência nacional de juventude. Vários grupos, tribos, galeras, vindos de todos os cantos do país. Foi um espaço onde as diferenças estavam estampadas em cada participante. Mas para chegar a esse resultado, vários atores e atrizes trabalharam juntos na construção deste processo que durou 8 meses.
No inicio o processo como um todo causou certa desconfiança pois trazia algumas inovações aos modelos "tradicionais" de conferências. Causou alguma polemica a forma como os delegados eram eleitos: os do município com institucionalidade em juventude elegiam 2 delegados, o poder publico e a sociedade civil com um delegado cada enviado direto para a etapa nacional, nada do município passou pelo estado. Os delegados das etapas estaduais, que elegiam a maior parte dos delegados para a nacional, só foram definidos como seriam escolhidos pelas Comissões Organizadoras Estaduais, isso significa que a organização nacional deixou para os Estados uma resolução que deveria ser tomada pela nacional causando dificuldades para as COE`s.
A secretaria nacional loteou o pais e distribuiu alguns mobilizadores por estados. Em alguns estados o trabalho desses mobilizadores foram conflituosos com a organização estadual, gerando, no mínimo, um mal estar e/ou uma quebra de braço para saber de quem era a responsabilidade sobre vários processos que ocorrem naturalmente durante as conferências.
Uma grande virtude dessa conferência foi a separação, nos Estados, do momento de definir diretrizes nas PPJ`s e do momento de eleger delegados, diferenciando do modelo de congressos das entidades estudantis. Os critérios adotados para privilegiar parcelas da população historicamente excluídas também merecem aplausos. Jovens do interior, mulheres, comunidades tradicionais receberam tratamento diferente por serem diferentes. E a obrigatoriedade de haver representantes de pelo menos dois municípios no voto de cada delegado garantiu a ampla representatividade dos municípios.
Infelizmente os gestores, tanto estaduais quanto municipais, não foram valorizados no processo. Não houve na conferência nacional nem uma mesa ou painel com esse publico, alem da secretaria não ter reservado orçamento para garantir a presença destes importantes atores e atrizes em Brasília. Outro questionamento é sobre o repasse para os estados realizarem as suas etapas. Não foi transparente e não houve definição clara dos critérios para esses repasses.
Um grande mistério foi como se deu a sistematização das propostas das mais diversas formas de conferências existentes para se chegar ao caderno de propostas da nacional. Alguns participantes não se sentiram contemplados nas propostas finais e não localizaram no caderno as propostas que saíram nos municípios ou nas livres.
Ficou bastante claro durante a conferência o repudio que a maior parte da juventude tem do modelo de organização baseado nos congressos do movimento estudantil. O velho modelo dos congressos da UNE e UBES, que já é criticado de dentro da entidade pelas forças que a integram, não se assemelhou em quase nada com a conferência. Praticamente não houve as palavras de ordem desagregadoras, que colocam jovens contra jovens. Os jovens cresceram e perceberam que o momento era de propor e indicar as diretrizes da política publica juvenil do país. É necessário e urgente que as entidades estudantis e principalmente os estudantes se mobilizem por mudanças nas entidades e neste modelo de congressos que tem afastado muitos jovens do mais importante, historicamente, instrumento de luta dos jovens. Repensar a representatividade estudantil no movimento juvenil e do movimento estudantil sobre os próprios estudantes é uma bandeira que vem sendo levantada por muitos estudantes e que ainda não reverberou como deveria no interior das entidades.
No final do evento tivemos 22 propostas priorizadas para as PPJ`s nacional e o que prevaleceu na hora de defini-las foram os acumulos que os segmentos organizados da juventude tiveram durante anos de debates nos fóruns e redes de todo Brasil. Não foram os partidos ou tendências, mas jovens negros, do hip-hop, mulheres, do campo, trabalhadores, LGBTTT, entre tantos outros que conviveram durante todo o processo de conferência. Foi dado o inicio a uma nova forma de construção dos movimentos juvenis, mais horizontal, mais participativa, mais interativa. Cabe agora convocar mais jovens para participar e dialogar rumo à construção coletiva das Políticas Públicas de Juventude.


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