A assembléia dos movimentos populares aprovou, durante o Fórum Social Mundial de Belém, a realização de uma semana de ação global contra a crise, o capitalismo e a guerra, entre os dias 28 de março e 4 de abril. Reunida na manhã desta sexta-feira, na sede nacional da CUT, em São Paulo, a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) fez um debate sobre as experiências acumuladas a partir do Fórum e as ações comuns que serão levadas às ruas em defesa do emprego, do salário e dos direitos dos trabalhadores. A CMS também decidiu elaborar com mais detalhamento propostas que serão divulgadas no começo de março sobre as Conferências Nacionais de Comunicação, Segurança, Igualdade Racial e Educação, e que dialogam com a necessidade de democratização do Estado brasileiro.
De acordo com Antonio Carlos Spis, da executiva nacional da CUT e da CMS, com atos, passeatas e manifestações, os povos do planeta estarão mais uma vez unidos numa jornada de luta para afirmar "que mais do que possível, um outro mundo é necessário, principalmente quando vemos o resultado da política neoliberal, de privatização e desregulação, que transformou o mercado no centro do universo". O dirigente cutista também frisou a importância da campanha pela anulação do leilão de privatização da Companhia Vale do Rio Doce e da luta contra os leilões do petróleo, que tem aberto para o controle estrangeiro áreas estratégicas extremamente ricas em petróleo e gás.
"Vamos às ruas numa jornada de luta para dar visibilidade à luta em prol da soberania, da democracia e da paz, elevando nossas vozes por medidas governamentais em defesa do mercado interno e que ponham freio aos desmandos do capital especulativo e das transnacionais, que transformaram países e povos em pasto para a sua ganância", declarou Spis.
Para a presidenta da União Nacional dos Estudantes, Lúcia Stumpf, "este momento de resistência à crise financeira torna ainda mais necessário que a atuação dos movimentos sociais em defesa do papel do Estado, de políticas públicas de geração de emprego e renda, esteja articulada, para que os povos não paguem pela crise do capital". Lúcia alertou para os riscos provenientes do avanço da mercantilização do ensino superior, onde cerca de 80% das faculdades encontram-se em mãos privadas, havendo casos já de desnacionalização.
Na avaliação do coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), Luiz Gonzaga da Silva (Gegê), não há outra alternativa para construir uma resposta à crise: "precisamos de ações concatenadas, de massa, com o povo na rua para dar um enfrentamento à altura desta crise sistêmica, que é mais do que financeira, é política e ideológica".
Segundo a jornalista Bia Barbosa, do Coletivo Intervozes, a decisão da CMS de fazer a disputa também no campo da comunicação, é chave, "pois é uma articulação que tem alcance e capilaridade para garantir a necessária diversidade e pluralidade na luta pela democratização dos meios". A entrada da CMS para fazer avançar o processo da Conferência Nacional de Comunicação, ressaltou Bia, "é fundamental, pois não será nada fácil o enfrentamento com os setores empresariais e com os conservadores do próprio governo, que têm protagonizado exemplos de descompromisso com a democracia, como no caso da TV Digital e da perseguição às rádios comunitárias'.
Para o secretário de Comunicação da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Carlos Rogério, "a batalha pela materialização da Conferência Nacional de Comunicação exigirá do conjunto das entidades muita atenção e pressão, a fim de que consigamos efetivar a plena democratização, derrotando os monopólios privados que atuam para desinformar e alienar".
A realização da plenária dos movimentos sociais com os presidentes Lula, Hugo Chávez, Evo Morales, Rafael Correa e Fernando Lugo foi lembrada pelo vice-presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Ubiraci Dantas de Oliveira (Bira), como o ponto alto do Fórum e demonstração do avanço da consciência popular sobre a necessidade da união das forças progressistas e governos para abrir caminho às transformações no Continente.
Para Sônia Coelho, da Marcha Mundial de Mulheres, "é fundamental mostrar nossas propostas em relação à crise, que não passa por ajuda aos bancos e empresas, mas pelo fortalecimento do Estado, com políticas públicas, com mais investimentos na saúde e educação, em proteção social às mulheres e aos setores mais desprotegidos".
Em nome do Cebrapaz, Ricardo Abreu (Alemão) lembrou que a luta anti-imperialista também ganhará visibilidade na jornada dos movimentos sociais, ampliando a solidariedade internacional contra a agressão ao Iraque e à Palestina e levantando alto a bandeira em defesa da auto-determinação dos povos.
Entre outros, participaram do evento representantes da Ação Cidadania, União Brasileira de Mulheres (UBM), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e Unegro.
matéria do site da CUT
segunda-feira, 2 de março de 2009
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