Autoridades de Havana revelaram ontem que comprovaram a existência de uma reserva com bilhões de barris de petróleo no Golfo do México, em pleno boom do preço do petróleo, maior do que as estimativas americanas já apontavam sobre a área. "Vamos mudar a história da ilha", afirmou Fidel Rivero, presidente da Cupet, a estatal cubana de petróleo. Por décadas, Cuba dependeu da energia soviética para conseguir manter sua economia. Nos últimos anos, porém, fez um acordo com a Venezuela para comprar petróleo mais barato. Agora, quer sua independência energética e até conquistar mercados. Com o barril a mais de US$ 140,00, as autoridades cubanas admitem que a confirmação das descobertas veio em um momento ideal para seus planos de financiar a economia e os planos do governo atual.
Segundo dados do governo americano, a reserva teria o equivalente a 10 bilhões de barris de petróleo. Mas Rivero garante que Havana tem informações de que a reserva em águas profundas poderia ser quase o dobro da projeção americana, transformando-se em uma das principais das Américas. Não por acaso, as autoridades cubanas passaram o dia ontem em Madri apresentando seus projetos às multinacionais de pelo menos dez países.
"Pelas nossas estimativas, o que produziremos será bem acima das necessidade de consumo de Cuba. Portanto, nosso objetivo é o de se transformar em um exportador nos próximos anos e possivelmente usar o dinheiro para financiar nossa economia", afirmou Rivero.
Uma das primeiras estimativas aponta para a produção inicial de 500 mil barris por dia, enquanto o consumo cubano é de apenas 140 mil barris. Hoje, produzem apenas 70 mil barris e o restante vem da Venezuela.
O executivo aponta que até mesmo o embargo americano poderia estar ameaçado diante das descobertas. "O interesse é tanto que existe até mesmo uma pressão das empresas americanas para que o governo em Washington acabe com o embargo e permita que possam investir em uma reserva que fica tão perto de seus mercados", explicou Rivera.
embargo. O executivo ainda contou que os empresários americanos estão driblando o embargo e fazendo visitas oficiais à Cuba para saber mais sobre o petróleo. "Mas eles entram como turistas, pelas portas dos fundos", admitiu.
O governo cubano afirma que negocia com a Petrobras um dos melhores blocos na região, próximos à costa. "Estamos na fase de conclusão de um acordo. Espero que possamos anunciar algo já nos próximos meses", afirmou Rivero. Segundo ele, a negociação ainda está definindo as taxas de retorno da empresa brasileira e as condições de exploração.
Já a ministra de Indústrias Básicas, Yadira Garcia Vera, aponta que não quer que o acordo se limite à exploração dos campos. "Certamente assinaremos um contrato de exploração ainda neste ano com a Petrobras. Queremos uma cooperação com a Petrobras para a transferência de tecnologia, especialmente para as reservas que estão em águas profundas", afirmou. Além disso, Cuba negocia a instalação de uma fábrica de lubrificantes da Petrobras na ilha para interromper com as importações dos produtos que hoje vem da Europa. |
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